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Bicentenário da Independência

  • Publicado: Terça, 18 de Janeiro de 2022, 18h29
  • Última atualização em Terça, 01 de Fevereiro de 2022, 14h05

GRAÇA, SAÚDE E PAZ A TODOS

Embora faltem 233 dias para a data comemorativa do Bicentenário da Independência do Brasil, já ouvimos, em nossos dias, o eco do jovem brado imperial emanado a 7 de setembro de 1822 e que pôs em marcha acelerada essa complexa novidade viva e vibrante chamada “Brasil”.

Obtivemos a independência nacional de uma forma bem diferente de outras registradas na história civilizacional dos últimos séculos, pois o momento exato de nossa libertação política ocorreu sem derramamento de sangue, sem confrontos épicos e com a ausência dos costumeiros conflitos entre uma matriz rigorosa e uma colônia rebelde...

Entretanto, o sangue que faltou no parto da Nação que vinha à luz da história não deixou de correr, sempre que necessário, ao longo destes quase 200 anos de busca da verdadeira soberania. Desde então, pretendemos nos tornar uma Pátria mais autônoma, não sem esforço, não sem traumas, não sem equívocos, todavia com vitórias, progressos e esperanças perenemente renovadas.

Se por um lado, cresce a interdependência dos países nesta “aldeia global”, por outro lado, jamais poderíamos permitir a diluição da identidade nacional, a brasilidade, no meio do caldo cultural ambicionado pelo globalismo vigente, cuja fome é voraz e cujas feições nem sempre são discerníveis. Tal faminto globalismo deseja eliminar fronteiras e nivelar tudo em moldes socialistas, de poucos afagos ao valores culturais, posto que sua principal estratégia, já desvelada, é eliminar progressivamente as tradições locais e regionais, enquanto limita sorrateiramente o direito à autodeterminação dos povos.

Ser nação implica tornar-se mais que povo, significa ir além do formato de massa ou de multidão; exige ser mais do que um grupo de pagadores de impostos ou do que obter a desejável oportunidade de gastá-los; implica muito mais do que ser pessoa jurídica de direito internacional a assinar tratados climáticos ou comerciais.

Segundo o enciclopedista filosófico Nicolas Abagnano, “o conceito de nação começou a formar-se a partir do conceito de povo, que havia dominado a filosofia política do séc. XVIII, quando, então, se acentuou a importância dos fatores naturais e tradicionais em detrimento dos individuais e voluntários. O povo é constituído essencialmente pela vontade comum, que é a base do pacto originário; a nação, por sua vez, é constituída essencialmente por vínculos independentes da vontade dos indivíduos, tais como raça, religião, língua e todos os outros elementos que podem ser compreendidos sob o nome de "tradição".

Segundo Abagnano, “diferentemente do povo, que não existe senão em virtude da vontade deliberada de seus membros e como efeito dessa vontade, a nação nada tem a ver com a vontade dos indivíduos: é um destino que paira sobre os indivíduos, ao qual estes não podem subtrair-se sem traição. Apesar de sua importância, o conceito de nação só começou a ser concebida claramente no início do séc. XIX; e o nascimento desse conceito coincide com o nascimento da fé nos gênios nacionais e nos destinos de uma nação particular, que se chama nacionalismo”.

É fácil entender, portanto, por qual razão não se propaga sem critério este jovem conceito filosófico de “nação”. Em seu lugar, nos documentos militares oficiais, figura outro conceito já melhor delineado e provado pelo tempo: o conceito de Pátria. E, na sua esteira, advém-nos a virtude do patriotismo, maximamente desvinculado da tendência moderna aos nacionalismos.

O Brasil, por óbvio, quis nascer com status de Pátria. Evaristo da Veiga fez questão de deixar isso bem claro no refrão do Hino da Independência, a canção patriótica de sua autoria, que brada repetidas vezes: “Ou ficar a Pátria livre, ou morrer pelo Brasil”.

Eis um árduo desafio ao nosso compromisso pessoal e coletivo, pois, de fato, o patriotismo é a síntese do amor incondicional à Pátria, e somente ele preserva- nos de nacionalismos aventureiros, politicamente arriscados.

Esse amor pátrio, que permeia nossos mais elevados sentimentos humanos desde a mais tenra idade, impele e empenha vocacionalmente, de forma a deixar cada militar pronto a defender a soberania e a integridade territorial, a unidade nacional e a paz social. E pode, efetivamente, ser resumido pelo vibrante lema: "Servir à Pátria".

Cremos, portanto, que 2022 será um ano desafiador para a manutenção da cristalina cultura pátria e da pureza dos ideais castrenses em nossa Academia. Viveremos um ano promissor de muitas efervescências culturais, políticas, sanitárias e econômicas, durante o qual, talvez mais do que outrora, a visão idealista do Marechal José Pessoa se fará espiritualmente presente como referência indispensável para a maior arte das futuras decisões deste atual Comando. Precisaremos, sim, efetivar diuturnamente a distância das capitais políticas do Brasil e do capital da política brasileira, hoje demasiadamente polarizado, o qual possivelmente entrará em ponto de ebulição escaldante em breve porvir. Manual "O Exército Brasileiro" (EB 20-MF-10.101) e "Vade-Mécum Valores". Diante disso, cremos que a nossa missão constitucional e os nossos objetivos organizacionais manter-nos-ão dentro dos saudáveis limites daquilo que a Força Terrestre e a sociedade esperam da AMAN, a saber: equidistância das polêmicas, isenção face às ideologias pululantes, prudência extremada na divulgação de fotos e/ou comentários particulares nas redes sociais, reflexão prévia antes de curtidas e compartilhamentos de postagens.

A razão dessas atitudes vem muito bem explicada no belíssimo poema do infante “Lembrai-vos da guerra”. Nós, militares, somos chamados por Deus para guerras mais sérias e de consequências mais duradouras, razão pela qual jamais agregaremos mais combustível às caudalosas discussões das massas, embora justas e lícitas.

Que possamos simplesmente traduzir em atitudes e ações aquelas valiosas palavras de São Paulo, o Apóstolo das Nações, consignadas na Epístola aos Filipenses (2,2-4), como um belo compêndio do verdadeiro espírito de corpo e da boa vontade indispensável para o estabelecimento da paz entre os homens: “Irmãos, aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante, e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro”.

Abençoada semana a todos.

Grato pela preciosa atenção e leitura.

DEUS SEJA LOUVADO

Pe. Uyrajá LUCAS Mota Diniz

Capelão da AMAN

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