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A Escola do dever ser

  • Publicado: Segunda, 14 de Fevereiro de 2022, 18h14
  • Última atualização em Terça, 22 de Fevereiro de 2022, 14h55

“Na Escola Militar, como fonte essencial de recrutamento de oficiais, trata-se mais de aprimorar qualidades que corrigir defeitos. Aqui estão presentes patrícios de todos os aspectos da Federação, o litoral, o sertão, as planícies, as serras, as florestas; todas as regiões de nossa pátria têm filhos destacados nesta Escola. Aqui se sente o palpitar do Brasil unido”. Com estas palavras o Marechal José Pessoa expôs parte daquilo que ele idealizou quando da criação da Escola Militar de Resende, hoje a nossa AMAN. As suas palavras são encharcadas pela sobriedade de quem conhecia a sua pátria, ao mesmo tempo em que destilam doses generosas de idealismo. O idealizador da Academia Militar das Agulhas Negras conseguia pôr em balança justa uma boa leitura da realidade do Brasil de então e anseios de excelência a se alcançar. As palavras supracitadas nem de longe podem ser acusadas de ufanistas, pelo contrário, o que delas podemos depurar é uma intensão clara de alguém que jamais se conformaria com a mediocridade, alguém que estabelece altos níveis na sua visão da formação militar dos futuros oficiais do Exército Brasileiro, entendendo que aqueles que imergirem neste ideal plenamente possível multiplicarão a excelência em toda a Força Terrestre.

    A nossa Academia é um catalizador do que há de mais essencial no que se entende por brasilidade. A esta Casa de Valores convergem jovens das mais variadas matizes socioculturais. Aqui estão os sotaques mais variados possíveis, do arrastado nordestino ao chiado carioca, passando pelo cansado mineirês e indo ao cantado gauchês. Temos jovens da roça e das grandes cidades, garotos nascidos em berço de ouro e aqueles que cresceram apenas com o básico necessário. Temos católicos, evangélicos, espíritas, adeptos de religiões de matriz africana, ateus e agnósticos. Aqui nesta Escola de Líderes vemos uma verdadeira amostragem daquilo que o Marechal José Pessoa chamou de “patrícios de todos os aspectos da Federação”. A cultura brasileira se encontra neste Templo Sagrado do nosso Exército. Não seria estranho, portanto, termos no meio desta verdadeira colcha de retalhos geográfica visões de mundo variadas e “educações” distintas. É o que naturalmente se espera quando se faz um recorte demográfico de um país continental e de grande discrepância socioeconômica. 

    Esta constatação seria naturalmente desafiadora para qualquer um que se lançasse numa empreitada de educação formal para um grupo tão diverso. No entanto, este desafio se torna ainda mais colossal para nós que nos ocupamos em formar oficiais para o Exército Brasileiro. Como moldar esta massa tão heterogênea a fim de que ela se torne um só corpo? Como trabalhar esta juventude sem permitir que esta diversidade natural se sobreponha à unidade do Exército? Como levar a jovem oficialidade a reverberar o Espírito de Corpo quando estiverem à frente dos seus subordinados espalhados por todo o território nacional? O desafio que repousa sobre todos nós é verdadeiramente monumental. Conforme disse o Marechal José Pessoa, “aqui se sente o palpitar do Brasil unido”, e para que este ideal se mantenha vivo este lugar, a Academia Militar das Agulhas Negras, deve ser, nas palavras do nosso comandante, Gen Pimentel, a “escola do dever ser...”.

    Para a nossa reflexão gostaria de citar um pensamento do Sábio Salomão, que diz assim: “Não remova os marcos antigos que os seus pais colocaram. Vês a um homem perito na sua obra? Perante reis será posto; não, entre a plebe” (Provérbios 22.28,29). A ideia do Sábio é que os marcos postos pelos antigos, com muito sacrifício, estabelecem o padrão para as gerações futuras e este padrão garante o sucesso àqueles que são hábeis em construir sobre estes marcos. O homem perito não se conforma com menos do que aqueles marcos que já lhes foram lançados. Nesta Academia não podemos nos conformar com menos do que aquilo que foi pensado pelo seu idealizador. O padrão que foi estabelecido na busca de unidade em meio à diversidade não pode ser menosprezado. Conformar-se com algo que não está funcionando como fora idealizado é o mesmo que permitir que os marcos sejam removidos, e, de pouco em pouco, as retiradas dos marcos vai desconfigurando o ideal. Se o padrão apresentado é ruim, as cópias serão ruins. Um olhar realista, fruto de uma leitura sóbria, nos permitirá ver os desafios, mas, este olhar precisa ter sempre em vista o ideal, pois acomodar-se a menos que a excelência é um caminho ao fracasso. Sejamos referência de Exército aos nossos Cadetes e trabalhemos incessantemente pela manutenção desta referência, pois, “quanto mais referência, melhor” (Gen Pimentel).

 

Que Deus nos abençoe e nos guarde!




“No bom combate da fé!”

Pr. Émerson Couto Profírio – Cap

Capelão Militar da AMAN

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