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Mensagem da Capelania Militar

  • Publicado: Segunda, 28 de Março de 2022, 19h19
  • Última atualização em Terça, 05 de Abril de 2022, 18h15

Caro leitor,

O nosso caro General de Exército André Luiz NOVAES Miranda, antigo comandante da AMAN e atual Chefe do DECEx, ofertou-nos recentemente as suas “Diretrizes”, um magnifico texto de alta densidade conceitual, digno de figurar entre nossas leituras profissionais neste 2022.

O Gen Novaes soergueu, uma vez mais, a bandeira da verdadeira pedagogia do exemplo. Ora, como bem o sabemos, esse apoio mútuo do bom exemplo, em vista do bem comum e entregue na bandeja da instrução de qualidade, mediante o diálogo ininterrupto entre instrutor e instruendo, superior e subordinado, pais e filhos, chama-se tecnicamente de feedback, tema frequentemente sugerido também por nosso comandante.

Friedrich Assländer e Anselm Grüm, pesquisadores da área da liderança, coautores da obra “A arte de ser Mestre de si mesmo para ser líder de pessoas”, dedicaram um capítulo desta obra ao importante tema do feedback. Para os autores, é importante oferecer e receber essa resposta objetiva e benemérita, dada por alguém mais capacitado e autorizado, e que conduzirá o destinatário, que a acolhe humildemente, à desejadas mudanças atitudinais, imediatas e positivas.

Quando um esposo ou um pai transmite um feedback à sua esposa ou a um filho, quando um chefe reage a seu subordinado ou quando um tenente se dirige ao cadete de seu pelotão, ambos os polos deste diagrama de intercâmbio dialogal visam a conquistar atitudes virtuosas e almejam obter resultados novos, a curto, médio e longo prazos.

Por isso, feedback não é um passatempo, não é teste nem trote, não é brincadeira! Tampouco é mero favor de gentileza. Feedback é coisa de formador e educador responsáveis, é ato de amor sério, é ensino técnico, é também ação de comando. O feedback preserva vidas, forja têmperas psíquicas, serve de estrada pavimentada para juízos de valor e para ações morais prestimosas. Em suma, o feedback engendra aquelas ações morais que são julgadas imediatamente pela sociedade e, um dia, serão definitivamente premiadas por Deus, na eternidade.

Ora, o tipo de feedback que melhor se aplica aos cadetes na AMAN, aos filhos em casa e às crianças na Igreja, é o chamado “feedback de reforço”, aquele que garante ao educador/formador que as informações de incentivo cheguem à mente e ao coração do discente/educando e provoque resultados habituais.

Vale a pena então lembrarmos que este tipo de feedback se perfaz sob quatro regras fundamentais que balizam a sua correta aplicação. Tais regras visam a evitar tanto a frieza burocrática que só protege quem dá o feedback e manterá o educador longe do autoritarismo que humilha o ouvinte.

A primeira regra é jamais protelar um feedback. Isso significa evitar o hiato temporal entre o comportamento visto e a avaliação técnico-pedagógica repassada ao instruendo ou filho. Quanto mais imediato for o feedback, mais sentido e eficácia ele terá. O que se diria a quem entregasse um troféu a um vencedor seis meses depois da vitória? Seria algo, no mínimo, risível.

O princípio da oportunidade tem aqui a sua digna aplicação, sua urgência e validade. Evidentemente, não há lugar para feedbacks motivados pelo destempero das emoções do instante, mas somente quando regidos pela racionalidade do ato formativo, dinâmico, justo e pedagógico.

Em segundo lugar, na entrega de um feedback, é preciso apontar o comportamento real, visto no contexto concreto. Para que o feedback de reforço seja apropriado, requer-se que o ato seja avaliado em suas consequências, especialmente as negativas ou perigosas. Todo o contexto da ação ou do comportamento em foco deve ser percebido por ambas as partes dialogantes. Uma coisa é dizer ao cadete ou ao filho: “Eu apreciei a sua atuação nesta semana”; outra coisa é dizer-lhe: “Você demonstrou tal qualidade ou tal atributo, quando teve esta iniciativa X, quando se decidiu ali com firmeza ou finalizou acolá a linha de ação Y. Assertividade pontual no assunto concreto, observado e analisado com maturidade.

O terceiro modo de efetivação do feedback de reforço é fazer a avaliação ser justa e útil ao aperfeiçoamento do aluno. Evitando os famosos “dois pesos e duas medidas”, o formador julga o que vai elogiar ou o que deseja punir segundo as circunstâncias reais em jogo. Talvez esse seja o requisito que mais frequentemente “lança por terra” a eficácia de qualquer feedback e, o pior, faz cair em descrédito imediato o próprio formador e sua boa intenção original. Quando o avaliador não sabe pontuar o diferencial concreto, o feedback vira piada e “meme”! É preferível o silêncio paciente a oferecer um feedback mal elaborado, nebuloso ou promotor do mero mal estar.

O último critério para um ótimo feedback de reforço é a veracidade, a índole sincera do comentário. Para nós, isso corresponde ao princípio da lealdade à verdade. Nesse quesito, se o instrutor for desleal ou se agir como perseguidor implacável disfarçado, as suas palavras podem até ser ouvidas, mas o seu corpo falará mais alto. A atitude corporal do líder, seu olhar respeitoso, sua honestidade intelectual, e seu claro desejo de ajudar a um discípulo ganham ali, de uma só tacada, a alma e a adesão agradecida do cadete ou do filho.

Portanto, imediatez, concretude ou precisão histórica, personalização e veracidade são os quatro pontos cardeais de um feedback útil e eficaz. Seja este serviço diário de excelência do líder militar para o seu subordinado, de um bom pai para seu amado filho, de modo a fazê-los progredir no bem ou sejam ajudados a cortar seus males pela raiz. Eis o campo da sincera caridade. Seja, portanto, o nosso lema diário na AMAN:

 

Corrigir para aperfeiçoar. Apoiar para fazer vencer.

 

Obrigado pela atenção da leitura.

Deus abençoe você!

 

DEUS SEJA LOUVADO

 Padre Uyrajá LUCAS Mota Diniz – Cap SAREx

Capelão Militar da AMAN

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