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Mensagem da Capelania Militar (Pr. Profírio - Capelão)

  • Publicado: Terça, 05 de Abril de 2022, 13h01
  • Última atualização em Terça, 05 de Abril de 2022, 18h17

Conta-se que num bosque havia um carvalho muito alto, que chamava a atenção de quem por ali passava. Ele se destacava do restante da vegetação pela sua imponência, tronco alto e madeira firme. Ciente de que era a mais exuberante árvore do bosque, o carvalho costumava se gabar da sua rigidez, sempre desprezando e desdenhando do bambu, fino e flexível, que ficava mais afastado à margem do bosque. Certa noite, uma grande tempestade se formou e inesperadamente avançou sobre toda aquela vegetação. Os ventos velozes e potentes sopravam incessantemente, chicoteando a mata. As densas gotas de chuva caiam pesadas sobre todas as árvores. A tempestade durou toda a noite e quando amanheceu o cenário era desolador, muita destruição. Tombado no meio do bosque estava o carvalho, com o seu tronco quebrado ao meio e as suas raízes expostas. Mas o bambu, que durante toda a noite vergou diante dos ventos fortes, quase tocando o solo num vai-e-vem sem fim, permaneceu firme e de pé.

As fábulas são narrativas fantasiosas que usam a alegoria com elementos naturais objetivando levar os ouvintes a uma conclusão simples e um ensino moral prático. Costumamos contá-las aos nossos filhos em idade infantil, pois a comparação entre elementos fictícios e a realidade torna o ensino mais fácil de ser absorvido. A pequena fábula “o carvalho e o bambu” traz a flexibilidade em oposição à rigidez. A rigidez, neste caso, não é entendida como firmeza de propósito, mas como mentalidade obtusa, que se nega a aprender, que é incapaz de observar algo a partir de uma perspectiva diversa e buscar a melhor forma de agir ou mesmo tentar descobrir uma maneira nova para responder questões antigas. Por outro lado, a flexibilidade não pode ser tomada como inconstância, instabilidade ou frouxidão. Ela, na verdade, se apresenta como a capacidade intelectual de lidar com adversidades, imprevistos ou novidades, que surgem dia-a-dia, de forma humilde o suficiente para buscar uma reposta criativa e “não-linear” àquelas mudanças.

Quem se ocupa com a formação deve ter a sua mente sempre flexível, pois ainda que os valores e princípios sejam perenes e que aluno seja sempre aluno em sua essência, cada novo momento histórico traz consigo questões e desafios próprios à sua época. Isto fica bastante evidente em nossos lares com os nossos filhos. Desejamos transmitir-lhes os mesmos bons ensinamentos que os nossos pais nos transmitiram, entretanto, havemos de convir que os filhos de hoje possuem mais informações e cada vez mais velozes do que tivemos nas nossas infâncias. Eles sabem de mais coisas do que nós sabíamos quando tínhamos a mesma idade. Os nossos filhos falam conosco com mais desprendimento do que, por exemplo, os nossos pais falaram com os nossos avós. Ainda que conservemos o princípio da autoridade em nossos lares, não há dúvida que o diálogo hoje é mais direto e questionador que antes. Isto não implica dizer que a relação de ensino hoje é pior do que antigamente. Tão somente, constatamos que os novos tempos trazem novas realidades e novos desafios, que exigem de nós a capacidade de sabermos nos mover com facilidade e agilidade em um terreno em constante mudança.

Resistir à mudança dos tempos, por rigidez intelectual, pode causar uma ruptura na comunicação entre pai e filho, professor e aluno, instrutor e Cadete, chefe e subordinado, inutilizando a riqueza da comunicação no processo de ensino e aprendizagem em todos os níveis. Assim, aproveitando a fábula acima contada, destaco, para nossa apreciação, alguns princípios de flexibilidade que nos serão úteis:

 1. Creia que mudança não é sinônimo de fraqueza, mas parte de um processo natural de amadurecimento.

 2. Nunca tema as incertezas, quando elas surgirem, aja a partir do que já se tem de conhecimento na direção de novas respostas.

 3. As transformações fazem parte da vida, mas julgue criteriosamente quando elas são realmente necessárias e escolha a hora certa e o momento oportuno de realizá-las.

 4. Desenvolva a capacidade de ouvir críticas e orientações daqueles que também se ocupam com a leitura correta da realidade.

 5. Saiba que nenhuma mudança é cem por cento segura, os erros podem fazer parte do processo. Seja compreensivo e não desanime.       

6. Para a flexibilidade não dar lugar à irresponsabilidade, empreenda a mudança em passos planejados e progressivos, “a reforma, para ser efetiva, deve ser evolucionária, e não revolucionária” (Gen Douglas MacArthur).

 Creio que se refletirmos sobre cada um destes princípios de flexibilidade, melhor nos adaptaremos às mudanças sem perdermos a nossa capacidade de perpetuarmos os perenes valores que aprendemos. Que o Senhor dos Exércitos nos ajude nesta empreitada.

 

 

“No bom combate da fé!”

Pr. Émerson Couto Profírio – Cap

Capelão Militar da AMAN

           

 

 

 

 

 

 

 

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