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19 de abril: um só povo, um só Exército

  • Publicado: Quinta, 21 de Abril de 2022, 11h13
  • Última atualização em Quinta, 28 de Abril de 2022, 13h57

Em 19 de Abril de 1648, em terras pernambucanas, nos arredores do morro de Guararapes, hoje município de Joboatão dos Guararapes, Grande Recife, brancos, negros e indígenas uniram-se para expulsar o invasor holandês, que desde 1630, em virtude de questões políticas envolvendo Portugal, Espanha e Países Baixos, ocupara Pernambuco, estendendo-se da foz do São Francisco, nos estados de Sergipe e Alagoas, até os limites do Ceará, naquilo que ficou conhecido como o Nordeste Holandês. A política econômica da Companhia das Índias Ocidentais impunha pesados impostos aos engenhos nordestinos e fora o estopim que conduziu ao levante destas três raças, que compuseram o arcabouço sociocultural daquilo que hoje chamamos de brasilidade, e resultou na expulsão do invasor das terras brasileiras.

Vale destacar que o evento embrionário do Exército Brasileiro se confunde com a própria noção de nacionalidade brasileira. Se hoje falamos de um país de rica e variada cultura, no qual elementos de origem europeia, africana e indígena se fundiram produzindo a cor brasileira, Guararapes tem grande parcela nesta unidade. É impossível falar em construção da nação brasileira e da identidade do nosso povo sem tocar na história do nosso glorioso Exército. Ali, em terras pernambucanas, nascia um Exército com vocação para unidade. Anos de história mostraram que este país de dimensões continentais deve à Força Terrestre a sua coesão. Um só povo, um só Exército. Esta é a nossa grande riqueza que celebramos no dia 19 de abril.

Se por um lado o Exército Brasileiro contribuiu com a unidade nacional, por outro, é o Brasil e a sua diversidade cultural que contribui com o Exército, doando a ele homens e mulheres de todos os cantos do território. Gente dos pampas, das praias, da caatinga, da selva, da montanha, do cerrado, do pantanal. Brasileiros brancos, negros, indígenas, amarelos, pardos, mulatos. Patrícios de variadas expressões de fé, crenças e gostos. Todos soldados unidos sob uma única cor, a cor verde-oliva. Quando nesta semana celebramos 374 anos do nosso Exército, lembramos que apesar de sermos muitos e tão variados, somos um só corpo. Nascemos pondo à parte as divergências em favor de um bem comum, uma causa maior. Crescemos não permitindo que nenhuma diferença impusesse uma cunha entre nós. E hoje, na maturidade exaltamos a nossa diversidade como fator de enriquecimento da nossa Força. Neste Dia do Exército cultuamos o Espírito de Corpo, um orgulho coletivo pela nossa história, tradição e valores, que se reflete na coesão da tropa e na camaradagem de cada integrante. Somos um corpo fraterno e, tomando emprestadas as palavras de Émile Durkheim, compomos um corpo que “libera um calor que aquece e reanima os corações, que os abre à simpatia e derrete os egoísmos”. Plotei um erro de digitação, você poderia fazer a devida correção?

 Para celebrarmos este Espírito de Corpo, destaco parte das palavras de São Paulo, um soldado da fé, que devotou a sua vida à causa do evangelho, homem que militou com todas as forças pela coesão cristã. Ele disse: “Digo a cada um de vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes pense com moderação. Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos tem a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo e membros uns dos outros” (Romanos 12). Destas palavras podemos retirar princípios que devem ser continuamente avivados em nossas mentes a fim de jamais nos desviarmos da nossa vocação de unidade e coesão.

  1. Evitemos toda forma de personalismo no exercício da sua função – Não pensar acerca de nós mesmos além do que convém, significa ter a clara compreensão do que exatamente somos, qual a nossa exata responsabilidade. Pensar na justa medida sobre aquilo que fazemos e na nossa vocação militar nos leva a compreender que todos somos simplesmente soldados, em tudo que fizermos não é o nosso nome que deve ser exaltado, mas o nome do nosso Exército.
  2. Valorizemos cada um dos que compõem o todo – O sucesso de uma equipe está na soma de todas as partes. Sejam as posições mais simples ou as mais elevadas, cada uma possui responsabilidades compatíveis às suas capacidades. Ao olharmos uma tropa vemos um só corpo, um bloco único. Quando cada um assume o seu papel e o desempenha com excelência o sucesso é de todos. Não há sucesso quando vaidades pessoais ou competição se sobrepujam aos interesses da Força.
  3. Cultivemos a camaradagem em toda e qualquer situação – Nem todos os dias são-nos favoráveis. Há dias em que tudo flui em nosso favor, mas há dias em que os ventos parecem soprar pessoalmente contra nós. Nestes dias tempestuosos a nossa paciência parece se esvair, fica mais difícil estar em equipe. Para estes dias é ainda mais imprescindível que cultivemos a camaradagem, a solicitude e a paciência. Como soldados de uma tropa coesa, jamais devemos nos privar de dispor a nossa destra fraterna ao companheiro que não está bem.

            Nobres amigos, que acima das nossas diferenças esteja o Espírito de Corpo, amálgama do nosso Exército, manifestação diária da nossa devoção ao Brasil. Viva o Exército Brasileiro! Que o Senhor dos Exércitos seja sobre cada um dos seus soldados.

 

“No bom combate da fé!”

Pr. Émerson Couto Profírio – Cap

Capelão Militar da MAN

 

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