E SE... Mensagem do Capelão Militar
Relembrando a disciplina de português, que estudamos durante os nossos anos escolares, vamos recordar que dentre as dez categorias de palavras, há uma que é composta por palavras invariáveis que fazem a conexão entre orações ou entre dois termos de uma mesma oração, estabelecendo entre eles uma relação de subordinação ou coordenação. Esta categoria de palavras é a conjunção. Dentre as conjunções há a partícula “se”, uma conjunção subordinativa que pode exprimir condição, hipótese ou caso. Pois bem, para muito além da sintaxe, esta pequena partícula tem grande participação nas nossas rotinas diárias, ela não apenas se apresenta quando redigimos textos, fazemos alguma breve alocução ou mesmo em conversas informais.
Em situações que exigem uma tomada de decisão, quando não se quer assumir a responsabilidade em fazê-la, costuma-se dizer: “E se eu errar?!”; “E se eu não tiver capacidade!?”; “E se não der certo?!”. Deposita-se no “se” uma defesa aparentemente justa que protege o indivíduo da possibilidade da frustração. A partícula “se” pode, em diversos casos, apresentar-se como uma manifestação psicológica da procrastinação, do comodismo, da covardia e de quaisquer outras intenções que busquem justificar a falta de iniciativa e atitude diante de uma responsabilidade. Ela é sempre presente nas palavras de quem é apático em suas ações, daquele que teme em excesso deixar a zona de conforto para ousar, e que nunca está pronto para agir. Neste caso, o “se” é o grande inimigo da prontidão.
Àqueles que usam esta conjunção como escudo, que parecem nunca estarem prontos para agir, o sábio Salomão escreveu: “Quem vive a observar o vento nunca planta, e o que vive a olhar as nuvens, nunca colhe” (Provérbios 11.4). A sabedoria bíblica ensina que o indivíduo que não sabe agir em um cenário desfavorável jamais colherá os louros da conquista. Quem muito retarda a sua ação por receio de não ver as condições plenamente favoráveis, jamais agirá. Este indivíduo é alguém inábil para a vida real, pois esta se constitui em uma série de eventos adversos diante dos quais se requer decisão. A audácia, por outro lado, é uma atitude essencial para as pessoas que não vieram à vida para serem meros espectadores. Todo homem e mulher vitoriosos, que têm um brilho sempre vivo no olhar diante daquilo que fazem, carregam no mais íntimo das suas almas uma chama de coragem, que os faz saltarem no vazio, mas sempre acreditando em uma aterragem segura no terreno das possibilidades.
A nossa Academia é o berço no qual nascem os futuros homens e mulheres que terão sobre os seus ombros o peso do comando no nosso Exército. Os futuros chefes militares forjados nesta Casa de Valores aprenderão a rechaçar o “se” da falta de coragem moral. Aqui, rodeados de tanta história e embebidos de tantos exemplos de audácia, os nossos jovens Cadetes compreenderão que esta ínfima partícula “se” deve se converter em um gigante estímulo de coragem: “Se eu ousar, vencerei!”. Para eles, o “se” não imporá uma barreira que lhe impeça a progressão no terreno da vida, ao contrário, lhes impulsionará a agirem a partir dos recursos que têm na direção do futuro que, nas palavras do nosso Comandante, possui “desafios que ainda não conhecemos”. Como escreveu Theodore Kinni e Donna Kinni: “Grandes líderes visualizam saltos ilimitados do presente para o futuro e então aplicam toda a criatividade e desenvoltura para tornar tais saltos possíveis. Eles usam ‘todos os meios disponíveis’ para alcançar a vitória”. (MacArthur. Lições de estratégia e de liderança).
Caro leitor, sejamos sempre, com a graça de Deus, para os nossos Cadetes, modelos de líderes inspiradores de audácia. Que em nossas vidas o “se” jamais denote timidez, mas seja o “se” no qual convergem desejo, vibração, coragem, entusiasmo e criatividade para construirmos um futuro desejado.
Que Deus nos abençoe!
“No bom combate da fé!”
Pr. Émerson Couto Profírio – Cap
Capelão Militar da AMAN