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Mensagem da Capelania Militar (Pastor Profírio)

  • Publicado: Quinta, 15 de Setembro de 2022, 16h13
  • Última atualização em Quinta, 15 de Setembro de 2022, 16h13

A LEI DA RETRIBUIÇÃO: AQUILO QUE O HOMEM PLANTA, ELE COLHE!

 

      São Paulo, exortando os cristãos à prática do bem, escreveu: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. E não nos cansemos de fazer o bem, porque ao seu tempo colheremos, se não desfalecermos” (Gálatas 6.7,9,10). Esse escrito está alicerçado em uma lei natural segundo a qual uma colheita é sempre proporcional à qualidade daquilo que foi lançado ao solo. Esta é a chamada “Lei da Retribuição”. Ela compõe o arcabouço filosófico de muitos dos códigos legais de civilizações antigas, a exemplo do “Código de Hamurabi”, escrito em acádio antigo entre 1750 a 1730 a.C. Nele encontramos a “Lei de Talião”, a qual versa sobre a justa reciprocidade entre crime e pena (“Para tal crime, tal e qual a pena”). Por trás da severidade da pena há o estabelecimento do equilíbrio entre o erro e o castigo, além do efeito pedagógico para que os demais indivíduos pautassem as suas condutas pelo bem, de forma a conservar a ordem social. Este mesmo princípio pode ser visto na Torah do povo hebreu. Nela se pode ler: “O Senhor é Deus compassivo, clemente e longânimo, grande em misericórdia e fidelidade; que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado” (Gênesis 34.6,7).

      Hoje é muito comum ouvir discursos que apresentam uma educação desprovida de ordem. Seja no ambiente familiar ou no ambiente escolar, palavras como correção, disciplina e punição ganharam conotação pejorativa. Coisas como essas devem ser abolidas do processo de formação, dizem os chamados “especialistas”, pois elas inibem e deformam o aluno. Fala-se em uma tal liberdade na qual o discente pode muito e tem direitos, mas quase nada se fale em deveres. Este tipo de “pedagogia” é antinatural, fere na base a “Lei da Retribuição”, pois, nas palavras de São Paulo, “aquilo que o homem semear, isto também ceifará”. Aquele que semeia o bem colhe o bem. Aquele que semeia o mal colhe o mal. Quem, desde cedo, é formado neste princípio, logo aprende a pesar todas as suas decisões, entende que a correção, a disciplina e a penalidade são instrumentos de formação que moldam o respeito e a responsabilidade. Além do que, compreende que, na ausência desses três vocábulos, o que restaria aos demais indivíduos de um determinado grupo social seria um reforço positivo de uma má conduta.

      Isso tudo nos faz refletir no importante papel que esta Academia possui na formação da jovem oficialidade do Exército Brasileiro. Os jovens que aqui ingressam ano a ano vêm de diferentes contextos culturais. Eles trazem alguns bons valores já bem arraigados, frutos da boa semeadura de suas famílias e de outros agentes formadores. Outros valores estão em processo de maturação, as sementes foram jogadas ao solo quando eles ainda estavam lá fora, mas aqui eles serão reforçados na medida em que cada Cadete é mais e mais regado pelos ensinos emanados desta Casa de Valores até que amadureçam no tempo oportuno. Mas há, também, frutos maus que logo começam aparecer, frutos que não se coadunam com os valores, deveres e ética próprios deste lugar. A nobre missão de cada um de nós, e de todos os que se ocupam com a formação do Cadete e a manutenção da honra desta bicentenária instituição, é reforçar a todos eles que por trás da seriedade, e muitas vezes severidade, com a qual tratamos a correção, a disciplina e a penalidade, está o zelo que temos por cada um deles. Não lhes furtaremos a realidade da “Lei da Retribuição”, pois temos fé nos valores que professamos e, como pais que velam por seus filhos, acreditamos que esta é a melhor forma de semeadura.

      Que Deus nos ajude na árdua missão de formar Oficiais para o nosso Exército, uma ininterrupta semeadura de boa semente em bom solo. Jamais negligenciemos a correção, a disciplina e a punição, partes caras e essenciais na formação do homem de bem. Que cada jovem Cadete tenha em sua consciência a “Lei da Retribuição” impregnada a estimular o acerto e refrear o erro. Que o Senhor dos Exércitos os abençoe nas suas semeaduras a fim de que eles colham sempre bons frutos, resultados de boas escolhas.

 

 

“No bom combate da fé!”

Pr. Émerson Couto Profírio – Cap

Capelão Militar da AMAN

 

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