O jogo só acaba quando termina
Os dias que antecedem o Aspirantado são repletos de compromissos e atividades. Cada cerimônia que preenche a agenda nestes longos cinco anos vai elevando os corações e conduzindo as expectativas à cereja do bolo, a cerimônia de declaração dos novos Aspirantes. Aquela belíssima formatura de meticulosa ordem unida, que aos olhos de todos se revela como um extraordinário ballet, uma verdadeira o de à vitória, executada sob um clima misto de alegria e lágrimas é a coroação não apenas do esforço e superação dos quase quatrocentos Cadetes, protagonistas de toda a solenidade, mas também do árduo trabalho de cada um dos senhores e dos seus subordinados. Cada militar que serve neste monumental berço de líderes, oficial, praça, instrutor, monitor, professor, elementos do Corpo Administrativo, do Batalhão Agulhas Negras e do Hospital Militar de Resende tem muito de si no resultado final que esta Academia entrega ao Exército Brasileiro.
O brilho da cerimônia do Aspirantado é sempre proporcional à competência de todos os que nela estão envolvidos. Contudo, cabe sempre lembrar que a corrida só se encerra quando cruzamos a linha de chegada. O atleta sabe que o seu condicionamento, fruto de exaustivo treino e capacidade, pode não lhe garantir o resultado desejado se ele não se mantiver focado até o fim da competição, uma mínima distração ou, quem sabe, a comemoração antes da hora pode lhe custar a vitória. Desta feita, gostaria de deixar a todos palavras registradas na epístola aos Hebreus, as quais podem nos ser instruções aplicadas a este momento e também, como princípio, adotadas para a vida. Assim está escrito no livro sagrado: “Visto que temos uma multidão de testemunhas a nos observar, afastemos de nós qualquer coisa que nos torne vagarosos ou nos atrase, e especialmente aquilo que pode se enroscar em nossos pés fazendo-nos tropeçar, nos desviando do alvo; assim, corramos com perseverança a corrida que nos está proposta até o fim” (Hebreus 12.1-3).
A palavra força nesta sacra instrução é perseverança. Ela é traduzida do grego hupomeno e traz a ideia de “suportar de maneira contínua e persistente”. O ensino diz que ao longo da jornada cristã situações surgiriam podendo retardar o crescimento na fé. Diante destas situações, ele deveria suportar persistentemente a tentação de descontinuar a sua peregrinação na fé. Enfim, ninguém deveria permitir que embaraços os fizessem tropeçar. Era preciso manter o olhar focado no alvo até conquistá-lo em definitivo. Em bom português, como disse Vicente Mateus, ex-presidente do Corinthians e figura folclórica no mundo do futebol pelas suas frases de efeitos, “o jogo só acaba quando termina”. Meus nobres amigos, o ano vai se aproximando do fim, todas as atividades de vulto passaram: campos, operações, Manobra Escolar, TAFs, avaliações, recepções de autoridades etc. Tudo correu seguindo a padrão AMAN de excelência. Contudo, a cerimônia do Aspirantado é o grande cartão de visitas desta Academia. Ela é a imagem que muitos levarão daqui.
Suportemos de maneira contínua e persistente o peso da fadiga, resistamos a tendência ao relaxamento, superemos os obstáculos próprios das atividades com as quais estamos envolvidos, vençamos a desatenção aos detalhes, anulemos a tentação do “clima de já ganhou” natural àqueles que já estão habituados a fazer bem feito sempre as mesmas coisas.
Que não percamos de vista a ideia de que este próximo Aspirantado pode ser ainda melhor do que todos os que vieram antes. Nada é tão bom, que não possa vir a se tornar ainda melhor. Temos a nos fitar uma grande nuvem de testemunhas, gente que olha para nós e para a nossa instituição com um brilho admirado no olhar. Corramos com perseverança a corrida que nos está proposta até o fim. “O jogo só acaba quando termina”.
Que Deus nos abençoe!
“No bom combate da fé!”
Pr. Émerson Couto Profírio – Cap
Capelão Militar da AMAN