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Mensagem do Capelão Militar (Pastor Profírio)

  • Publicado: Terça, 06 de Dezembro de 2022, 18h23
  • Última atualização em Terça, 06 de Dezembro de 2022, 18h23

Chegamos ao final do ano, um tempo que na nossa rotina militar é marcado por muitas despedidas. Vimos há alguns dias a despedida dos novos Aspirantes que esta casa entregou ao nosso glorioso Exército. Vimos a despedida de camaradas que labutaram aqui e partiram para novas etapas das suas bem-sucedidas carreiras. Vimos outros companheiros que encerraram o seu combate, passando à justa reserva. Todas estas partidas, sempre envoltas em dignos e tradicionais rituais que compõem a nossa liturgia castrense, perpetuam valores ao mesmo tempo em que afirmam a perenidade e renovação do nosso Exército Brasileiro frente à transitoriedade de cada um de nós que o compõe.

Ouvimos, em todas as cerimônias que buscavam honrar aqueles que partiam, palavras de despedidas que, muito além de mero protocolo militar, compunham textos eivados de gratidão, emoção e vibração por tudo aquilo que a carreira das armas lhes têm proporcionado. Diante de tantas despedidas não há como deixar de pensar na saudade, uma experiência que todos nós vivemos. Rubem Alves, teólogo e educador que brincava com as letras e as emoções humanas, refletindo sobre a saudade, disse certa vez: “A saudade é o bolso onde a alma guarda aquilo que ela provou e aprovou. Aprovadas foram as experiências que deram alegria. O que valeu a pena está destinado à eternidade. Saudade é a presença de uma ausência”.

 Não é a primeira vez que o adeus se faz necessário a fim de que o fluxo da vida e a mobilidade geográfica se efetivem. Idas e vindas geram desapego nas nossas vidas, fazem sentirmo-nos não mais um homens ou mulheres de apenas um lugar, mas de uma nação. Aprendemos na estrada da vida a olhar sempre para frente, a avançar, a saltarmos com desassombro no novo, a cumprirmos o nosso deve militar.  Mas, também levamos no bolso, ou melhor, nas nossas mochilas, muita saudade. Quando encaixotamos a nossa mudança e recolhemos os objetos pessoais das nossas mesas, fechando pela última vez a porta das nossas salas, levamos muito mais que objetos, levamos pessoas, palavras, sensações, experiências, histórias e saudades! E a saudade existe para não nos permitir esquecer tudo aquilo de bom que vivemos, ela é o vínculo eterno entre as boas memórias do ontem e as memórias que estão sendo construídas no hoje.

A saudade lembra-nos que vimos de algum lugar e vamos para algum lugar. Quem sabe, para nós militares, este seja o nosso maior patrimônio que conseguimos angariar ao longo das nossas carreiras. A nossa grande riqueza cabe na memória, no coração. Mas, quem parte não apenas leva consigo algo, deixa também muito de si. Fica um pouco daquela personalidade, daquele jeito particular e único de ser. Fica um pouco daquela história. Se cada um de nós olharmos hoje pelo retrovisor da vida, veremos que as pessoas com quem convivemos e os lugares e OM’s pelos quais passamos ficaram com parte de nós. De alguma forma deixamos também uma marca e a certeza de que pudemos enriquecê-los.

Quando vemos se aproximar o ocaso de mais um ano, com partidas e chegadas, todos embebidos de muita saudade, rogamos ao Senhor dos Exércitos que conduza sob a sua segura proteção cada um dos que foram, ao mesmo tempo em que pedimos que as suas bênçãos repousem sobre todos aqueles que chegam. Assim, seguiremos felizes no cumprimento das nossas missões, tendo por grande patrimônio a saudade.

Que Deus nos abençoe!

 

“No bom combate da fé!”

Pr. Émerson Couto Profírio – Cap

Capelão Militar da AMAN

 

 

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