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A LIDERANÇA EXERCÍCIO DO CUIDADO _Mensagem Padre Lucas

  • Publicado: Quarta, 21 de Dezembro de 2022, 11h40
  • Última atualização em Quarta, 21 de Dezembro de 2022, 11h40

Iniciando nova semana, seguimos motivados pelos mesmos valores e princípios que regeram a vida de vultuosos heróis da Pátria.

Nesse contexto, desejo que a graça divina e as bençaos de saúde, paz e proteção, desçam como Ordem de Serviço assinada pelo Senhor dos Exércitos e cheguem até nossos corações e mentes. Assim abençoados, sejamos fiéis a Deus e ao Brasil para finalizarmos mais um ano em nossas briosas carreiras. Partilho com os senhores um famoso relato acadêmico envolvendo a Professora Margaret Mead, doutora pela Universidade de Columbia, em 1929, e autora de importantes contribuições ao Exército Americano durante a Segunda Guerra Mundial, na função de secretária executiva do Comitê de hábitos alimentares do Conselho Nacional de Investigação. Ela também foi uma pesquisadora referencial para a consolidação da teoria cibernética no campo militar, nos idos dos anos 40, ombreando com outros cientistas de renome. Sabe-se que, em uma de suas conferências, certa universitária perguntou-lhe a respeito de qual ela considerava ser o primeiro sinal de civilização numa cultura antiga. A aluna talvez esperasse que a antropóloga respondesse sobre pedaços de potes de barro, pedras de amolar, pinturas rupestres em lajes famosas ou fragmentos de lanças usadas pelos hominídeos das cavernas. Mas, não, a Dra. Mead respondeu algo surpreendente: que o primeiro sinal de civilização numa cultura era a descoberta de um FÊMUR HUMANO que tinha sido partido e depois curado. Ela explicou que no reino animal, se algum ser quebrar uma perna, morre. Assim acontece, de fato, porque a criatura não poderá fugir sozinha do perigo, nem ir ao rio beber nem procurar comida, por vezes, tão escassa. Nessa condição, passa-se a ser uma presa fácil para predadores e saqueadores ao redor. Nenhum animal sozinho sobrevive a uma perna partida e por tempo suficiente, a fim de que o seu osso se cure.

Um fêmur partido e curado, é a evidência de que alguém se deu ao trabalho de ficar com quem caiu, enfaixou o ferimento, carregou a pessoa para um abrigo seguro, ajudando-a a recuperar-se completamente. A Dra. Mead coroou, então, sua resposta dizendo que ajudarmos alguém em dificuldades é sempre o ponto onde começa a civilização da nossa espécie. Poderíamos parafrasear sua ideia alertando que, para salvar a nossa civilização ocidental, em franco declínio e sob perigo de colapso social, precisaremos retornar a este ponto de partida: cuidarmos melhor uns dos outros, especialmente os fragmentados. Ouvindo essa história, necessariamente lembramos o tema da liderança pelo exercício do cuidado dos outros, sobretudo dos subordinados, por dever de justiça e vocação. Cuidar do “irmão por escolha” é tema útil e aplicável à vida do canga, do Tenente instrutor, do mestre na sala de aula, à missão diária de um chefe militar ou do pater familiae, o bom esposo; e não apenas em casos extremos de ideação suicida ou de surto neurótico/psicótico do militar em combate. Visto que o cuidado mútuo é a melhor atividade de valorização da vida, obviamente só será um bom líder quem aprendeu a cuidar dos demais, pensando o menos possível em si mesmo. O título honorífico de “líder”, como uma roupa feita sob medida, só cai bem naquele ser que se preocupa com seus liderados, mediante atitudes e ações positivas, pois, ao dar ordens, um comandante militar, exercendo sua digna liderança, há de cuidar primeiramente dos meios e condições para que o seu subordinado, já ciente dos sérios riscos inerentes à profissão, e a eles voluntariamente sujeito, possa desempenhar as suas tarefas na missão e consiga cumprir, com pleno êxito e sob louvor público de seus chefes, pares e subordinados, o esperado pela Nação. A ação de tratar ou zelar de algo ou alguém recebe o nome de CUIDAR, palavra cuja origem vem do latim COGITARE, pensar, refletir. Cuida quem pensa e planeja o bem comum. Cuida bem quem considera os talentos e capacidades de outrem e promove o seu desenvolvimento em plenitude. Essa é, inclusive, a essência de nossa missão na gloriosa AMAN: cuidar dos líderes que cuidarão de outros líderes. Diante disso, o Ministério da Saúde do Brasil complementa que o cuidado não está restrito ao cuidado físico: “Esse cuidado deve ir além dos cuidados com o corpo, pois além do sofrimento físico, há que se levar em conta as questões psíquicas, a história de vida, os sentimentos e emoções da pessoa a ser ajudada1 . Cuidado, ainda segundo o Ministério da Saúde, significa: […] atenção,todavia bastante esquecido: “Quem é verdadeiro chefe não comanda a marcha de seus subordinados sem ter um lugar adequado para os fazer repousar e sem ter, quando possível, um alimento quente que os reconforte”. O princípio que subjaz neste conselho tão prático, é o seguinte: quem possui verdadeira vocação de líder preocupa-se com o bem integral dos seus subordinados, sempre! Ora, em 2023, a AMAN será novamente habitada por centenas de jovens fisicamente sadios, mas talvez psíquica e espiritualmente fragmentados. Talvez não haja nenhum fêmur a ser restaurado, assim esperamos, mas contaremos, às múltiplas dezenas, psiquês marcadas por fragmentos de imaturidades e almas feridas por severas lacunas afetivas e morais. Aliás, também nós, que temos tantas quebraduras humanas, nossas limitações circunstanciais e inúmeros obstáculos a superar, com as bençãos de Deus, lutaremos o bom combate do progresso

precaução, cautela, dedicação, empatia, encargo e responsabilidade. Atento às regras do jogo da vida, o capelão militar francês, Padre Gaston Courtois, na obra A arte de ser Chefe, chega a afirmar algo elementar, espiritual, de forma tal que apoiaremos os demais e simultaneamente seremos por eles apoiados. Abraçaremos, então, com garbo e graça, a nossa melhor missão diária, como tem sido até hoje, a saber: apoiar os cadetes que sofrem ao longo do caminho, enfaixar suas feridas de alma, insuflar-lhes a psicologia militar positiva e o estoicismo vibrante, para que, nesta casa e forja segura, transformem-se em Aspirantes de escol, atualizando a lição bíblica ministrada por Deus ao profeta Isaías: “Um irmão ajude em tudo ao outro irmão, dizendo-lhe: coragem, tem ânimo, esforçate” 2 . Enfim, auguramos que as festividades do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, líder que, de fato, preocupou-Se com os seus subordinados até o último dia de seu serviço ativo, seja a oportunidade de renovação deste nobre desejo de cuidar bem daqueles que Deus nos confiar.

Que 2023 transcorra, sobretudo, como um período repleto de proteção e das bençaos celestiais para nossas Agulhas Negras, cumulando de sabedoria e paz, desde o comandante até ao recruta mais moderno. Neste ambiente amplamente favorável ao bom fluxo de trabalhos, possamos ensinar e praticar a liderança pelo cuidado mútuo. Que o Bom Deus abençoe nossos militares e a suas distintas famílias, com afortunadas bençãos natalinas, as maiores e mais seletas possíveis. São estes os votos deste servo, capelão da AMAN, para todos a quem agradecemos a camaradagem de 2022 e com quem esperamos um propício labor em 2023. Feliz Natal e abençoado Ano Novo!

DEUS SEJA SEMPRE LOUVADO

Padre Uyrajá LUCAS Mota Diniz- Maj SAREx Capelão da AMAN.

 

 

 

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