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Mensagem da Capelania Militar (Pastor Profírio_ fevereiro)

  • Publicado: Quarta, 15 de Fevereiro de 2023, 13h36
  • Última atualização em Quarta, 15 de Fevereiro de 2023, 13h36

A FÉ E A ESPIRITUALIDADE PARA O COMBATE

As marcas que uma guerra causa na vida de uma pessoa, sem dúvida nenhuma, são indeléveis. A morte recebe uma releitura. Matar ou morrer passa a ter conceitos ressignificados à luz de cada experiência. Não é que a vida vira algo banal, pelo contrário, é para viver e permitir que outros usufruam deste mesmo direito que se mata. E nesta hora, a fé torna-se um recurso que ajuda a mitigar este aparente paradoxo. Norman Geisler, teólogo e filósofo norte-americano, escreveu: “O pacifismo, pelo motivo alegado de que nunca se deve tirar uma vida humana, não é bíblico, a proibição é contra o assassinato, não contra tirar vidas. Nem sempre tirar uma vida é assassinato. Não resistir ao mal, isto sim, é um pecado de omissão, e os pecados de omissão podem ser tão maus quanto os pecados de comissão”. Foi neste contexto que o Cap Antônio Álvares da Silva, o Frei Orlando, nascido a 13 de fevereiro de 2013 na cidade mineira de Ponte Nova, cumpriu o seu mais sacrificial serviço a Cristo e ao Exército Brasileiro quando às vésperas da tomada de Monte Castelo, em visita ao front, tombou com apenas 32 anos de idade. E hoje, data do seu nascimento, o Exército Brasileiro celebra o dia do Serviço de Assistência Religiosa do Exército.

A história do nosso patrono, como a de muitos dos nossos heróis, leva-nos a uma reflexão. Como soldados, somos a salvaguarda do nosso povo. O ofício do militar é combater até a morte fazendo uso, se necessário, da morte, pela vida do seu povo. O viver de um povo é ser parte de uma sociedade livre, justa, ordeira e democrática. Pois bem, é com isso que o soldado se ocupa. Se lutamos até a morte pela vida, como estão, então, as nossas vidas?! O nosso Exército oferece as melhores condições possíveis aos seus soldados a fim de que desempenhem as suas missões com excelência. Somos bem adestrados, temos visto a atualização de doutrinas e a modernização de equipamentos e armamentos. Contudo, quem puxa o gatilho é um homem ou uma mulher, seres humanos que possuem os seus conflitos de consciência e as suas necessidades pessoais que não podem ser supridas por nada que se guarde numa reserva de armamentos.

Todos nós entramos diariamente, nesta Academia, trazendo uma “mochila pessoal”, muitas vezes pesada, que não conseguimos deixar fora do Portão Monumental. Esta mesma mochila pesará na hora da tomada de decisões e do cumprimento da nossa missão. Por isso que o sábio Salomão disse: “Os soldados podem preparar os seus cavalos para o dia da Batalha, mas é o SENHOR quem dá a vitória” (Provérbios 21.31). Desde tempos remotos se vê a relação da guerra com a fé, os exércitos só saiam às suas batalhas após consultarem os seus sacerdotes e buscarem a benção divina. Sabe-se, por exemplo, que o Duque de Caxias sempre se fez acompanhar de um altar em suas campanhas. Como disse o Frei Orlando, “Gente desanimada é gente vencida”. Um espírito sarado eleva o clima de qualquer ambiente e dá segurança ao cumprimento de qualquer missão, até mesmo quando se lida com questões de vida e morte. É profilático, portanto, cuidarmos das coisas da alma. Mesmo o mais rústico e talhado soldado precisa aprender a manejar bem as suas emoções. No pensamento do sábio Salomão, nós possuímos duas responsabilidades: Preparar os cavalos para a batalha, o que significa o adestramento e o auto-aprimoramento profissional, e exercitar a fé e a espiritualidade para o combate.

A ciência já há muito tempo tem se ocupado com este tema, pois compreende que a fé tem uma participação especial no que os cientistas chamam de coping, a capacidade humana de superar adversidades. William Osler, famoso médico canadense, se referia a este fenômeno nos seguintes termos: “A fé despeja uma inesgotável torrente de energia no indivíduo”. Fé é uma faculdade mental que nos leva sempre a crer positivamente naquilo que ainda não vemos e isto se torna um impulso que nos faz buscar uma solução diante das questões que parecem insolúveis. Esta fé foi fator decisivo para o sucesso dos nossos pracinhas! O TC Raul Matos Simões, se referindo à importância do apoio espiritual na 2ª Guerra Mundial, escreveu: “Os Capelães, acompanhando com desvelo a vida dos soldados, fortaleceram-lhes a convicção na dignificante missão que vieram executar tão longe da Pátria, confortando-os nos momentos de crise”.

Meus nobres irmãos de farda, quando as fronteiras do nosso mundo pessoal caem abruptamente bombardeadas por uma má notícia e perdemos a sensação de segurança, quando é-nos exigida uma tomada de decisão que pode repercutir em outras vidas, é nos firmes pilares da fé e da espiritualidade que nos ancoramos para lidarmos com o inesperado de forma equilibrada. Quando a missão for árdua e o inimigo, um gingante à nossa frente, será na fé e na espiritualidade que nos manteremos firmes e inabaláveis, sempre constantes na marcha. Portanto, os vossos Capelães rogam diariamente ao Senhor dos Exércitos em favor de vós e das vossas famílias, a fim de que Ele vos abençoe e vos guarde, faça resplandecer a luz do Seu rosto sobre vós, tenha misericórdia de vós e vos dê a paz. Que Deus abençoa toda a nossa Academia.

 

“No bom combate da fé!”

Pr. Émerson Couto Profírio – Cap

Capelão Militar da AMAN

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