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Heroísmo Versus Narcisismo - Padre Lucas - Maj Capelão da AMAN

  • Publicado: Sexta, 19 de Mai de 2023, 14h31
  • Última atualização em Sexta, 19 de Mai de 2023, 17h35

Mensagem do Padre LUCAS – Capelão da AMAN 

 

“Jesus chamou os doze e lhes disse:

‘Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós,

seja o vosso servidor;

e quem entre vós quiser ser o primeiro,

seja servo de todos.

Porque o Filho do Homem não veio para ser servido,

mas para servir e dar a sua vida

em redenção por muitos’”.

Evangelho segundo S. Marcos 10, 42-45

 

Essas solenes palavras do Divino Mestre sempre lançaram luzes especiais sobre o serviço da liderança nos últimos dois milênios. Assim, no mês em que comemoramos a Arma de Comunicações, o Dia da Vitória, as Armas de Cavalaria e de Infantaria, bem como o Serviço de Saúde, intuímos logo a magnitude dos assuntos e dos exemplos de serviço abnegado, de tenacidade competente, de habilidades e atitudes de heroísmo ímpares, seja da parte dos patronos, seja pela fidelidade dos integrantes de cada fração. Vivemos, de fato, um mês profissionalmente sugestivo e eticamente glorioso! 

Partindo do pressuposto que sofremos as pressão de quatro características socioculturais avassaladoras do nosso tempo, a saber: o secularismo, o pluralismo, o individualismo e o subjetivismo, é forçoso concluir que o serviço da liderança segue afetado por esse quadrante racionalista, obrigando quase todos os líderes a inclinar-se para o lado sombrio do individualismo e do brilhantismo pegajoso. Nesta densa atmosfera cultural, nascem líderes super ocupados e hiper preocupados consigo mesmos, afastando-os daquela grandeza pleiteada pelo autêntico heroísmo. 

O heroísmo verdadeiro caracteriza-se, sobretudo, pela primazia do bem coletivo. O herói, mesmo sob o véu do anonimato, é o indivíduo que sacrifica sua existência e seus interesses particulares em prol do bem coletivo; aquele que tomba para salvar quem persevera na luta; o fidalgo, pelo vulgo; o justo, pelos injustos; o santo, pelos pecadores. O heroísmo anônimo, sobretudo se revestido da farda, será sempre melhor padrão de um exército forte e servidor.

Erroneamente, pensam alguns que o contrário do heroísmo seria a covardia. Senhores meus, o contrário do heroísmo é o sorrateiro NARCISISMO, tema que tem despertado a atenção e interesses dos pesquisadores da Psicologia Organizacional

Será que temos consciência dos possíveis influxos do NARCISISMO no itinerário formativo de nossos jovens? Porventura temos, em família ou no quartel, a desventura de conviver com narcisistas? Percebemos o quanto esse fenômeno pode alterar a densidade medular dos sistemas de avaliação de desempenho profissional de líderes e liderados, promoções, movimentações e condecorações, bem como as nobres referências elogiosas?

Ao educarmos os líderes do futuro, redobremos o cuidado de não confundir a liderança autêntica com o narcisismo serpentino, pois líderes narcisistas andam livremente mundo afora, sempre vazios de amor e do espírito de serviço. Eles não conseguem ajudar nem a si mesmos, pois visam a obter poder e controle sobre os outros, dada a sua sede insaciável de aprovação alheia. Eles não servem bem a Deus, porque servem a si mesmos na qualidade de “semideuses”. Costumam roubar friamente o potencial dos outros e tendem a manipular para anular quem se aproxima deles. Ora, os narcisistas adoram encontrar pessoas capazes, autênticas, criativas, empáticas para, então, começar a furtar-lhes as ideias e as energias psíquicas, subjugando-as segundo seus interesses de brilho particular, como vagalumes iludidos porque jamais brilham pelo esplendor cerebral. 

Individualmente tomado, um líder narcisista jamais possuirá brilho próprio na vida, nem criatividade, nem grandeza ética ou moral digna de menção honrosa. Como causa psíquica de sua condição, provavelmente o narcisista nunca foi amado suficientemente pelos genitores (assim dizem os estudiosos) e, quando adulto, carrega em si um vazio pessoal sensível e doloroso, um “buraco negro” emocional profundo. 

Caso se torne um líder, o narcisista nos recordará simbolicamente aqueles antigos bonecos plásticos de posto de gasolina, mexendose muito, mas apenas por força do ar quente que atravessa o seu incomensurável vazio interior. 

Imaginem o potencial perigo de formarmos oficiais narcisistas, conferindo-lhe o poder da liderança institucional. Será certamente um profissional de destacada autoridade, todavia munido de gelados tentáculos de sucção exploratória de todos quantos ingenuamente se aproximem das armadilhas emocionais do narcisista. Desta forma, nada tendo a oferecer de si, ele sugará a energia psíquica de sua equipe, provavelmente os verdadeiros heróis da história.  Por isso, retransmito aos senhores uma breve lista dos sinais identificadores de um narcisista clássico para que possamos nos prevenir e agir com pedagogia formativa mais aguçada, seja no quartel, seja no lar, seja no círculo de amizades.

  1. Uma centralidade fortíssima em si mesmo: líderes narcisistas julgam que seus problemas são as realidades mais importantes do cosmos. Falando sempre de si mesmos, quando sequer são questionados, apresentam-se como modelos de tudo... e de nada. Importa-lhe ser o centro de muitas atenções!
  2. Não olham integralmente as demais pessoas, não escutam com empatia, senão para garantir domínio e aumentar influência, fazendo-se passar por pessoas indispensáveis e insubstituíveis, quando, de fato, não fazem assim tanta diferença.
  1. São manipuladores frios: habilidosos em puxar tapetes, ludibriam com discursos sedosos, driblam com rapidez, levam os outros exatamente aonde eles querem com perguntas repentinas e dúbias, deixando sempre perplexas suas pobres vítimas indefesas.
  2. Os narcisistas tem uma emocionalidade muito fria e superficial: parecem preocupar-se com os outros com frases genéricas, mas, de fato, não ligam para os problemas alheios; afastam-se calculadamente de quem sofre, até chegar aquele momento oportuno de retomar seu garimpo de vantagens;
  3. Vivem entre dois extremos: ou admiram demais a alguém porque o querem superar ou descartam os que não lhes servem mais de trampolim para o sucesso. Até dos melhores amigos fazem degraus de ascensão, pisoteando, a olhos nus e com sorriso maroto a amizade sincera e a camaradagem heróica.
  4. Os narcisistas são controladores inveterados: são habilidosos em fabricar micro conflitos ao seu redor a fim de desestabilizar emocionalmente os outros, enquanto seu plano pessoal ganha tempo e terreno a cada passo, de forma que, no fim da viagem, tudo chegue ao porto seguro seguindo a rota que eles calcularam e planejaram calmamente.

Tudo isso é deveras preocupante em espaços corporativos de líderes ou em ambientes educativos de futuras lideranças. Tudo isso clama por árduos cuidados psicopedagógicos quando no treino de pessoal.

Peçamos que o Bom Deus que, abençoando nossas briosas equipes combatentes, livre-nos do sinistro mal do narcisismo e de suas funestas consequências, infundindo em nossos corações o desejo sincero de amar e servir à nossa gente, em autêntico espírito de dedicação heróica. Seja esse nosso perpétuo lema de esperança e fé na missão: cuidar do amado Brasil, proteger nossas famílias e salvar os estimados amigos. 

    DEUS SEJA LOUVADO 

 

Padre Uyrajá LUCAS Mota Diniz - Maj Capl SAREx

Capelão da AMAN

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