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LIDERANÇA E ESPERANÇA - Mensagem do Capelão Militar Padre LUCAS +

  • Publicado: Quarta, 31 de Mai de 2023, 11h23
  • Última atualização em Quarta, 31 de Mai de 2023, 11h27

 

Quando sobre nós for derramado o espírito do alto,
então o deserto se mudará em horto,
e o horto tomará as dimensões de uma floresta. (Is 32,15).


Setecentos anos antes da era cristã, sendo o primeiro profeta a mencionar a vinda de um Messias descendente do rei guerreiro Davi, o profeta Isaías anunciou mudanças na história em termos de elevadíssima esperança: um deserto transformando-se em horto, um pomar evoluiu para ser floresta.


No deserto inóspito do mundo contemporâneo, é crescente a demanda por líderes visionários e gestores, capazes de antecipar um futuro frutífero e amplo. Tornar-se farol de esperança significa ser um líder capaz de indicar novas luzes em meio à escuridão, guiar familiares e companheiros rumo a ambientes renovados e ser exemplo seguro, neste atual império de influenciadores digitais e blogueiros (“influencers”) cuja maior habilidade é estreitar os limites de nosso “campo de instrução” existencial.

Isso explica o porquê, em muitos recônditos corporativos mundo afora, aumentou criteriosamente a demanda por líderes capazes de “orientar, guiar, inspirar, dar direção e segurança às pessoas ao seu redor ou sob sua liderança”. Ser um líder farol de esperança[1] soa como vocação, sublime e urgente, também aqui, onde são forjadas as novas gerações de chefes militares de primeira ordem. Quão bom seria que percebêssemos, uma vez mais, a grandeza da oportunidade recompensadora que a Providência Divina nos oferece: colaborar na formação das novas gerações de Praças e Oficiais de nosso Exército! Isso será possível somente se formos portadores e semeadores de uma renovada esperança.

Com o mercado de trabalho concorrente e em constante evolução tecnológica, inclusive bélica, o foco da liderança ampliou-se para além das habilidades técnicas, atingindo horizontes interpessoais e emocionais inauditos (chamados soft skills). As funções de comando demandam, com óbvia urgência, acurada inteligência emocional e colaboração multilateral, escuta ativa e comunicação simples, humilde e eficiente, temas que demostram apenas a ponta da lança do que ainda está por vir[2].

Diante do exposto, desdobremos o tema da alegria na esperança a fim de iniciarmos com vibração esta semana que inaugura o último mês do semestre e quiçá uma nova fase de nossas vidas. Sim, na instituição na qual servimos, é preciso que falemos diariamente da esperança de melhorias, da esperança de superação, da esperança de vitórias, porque, ao longo da história, os vínculos entre liderança, expectativas e realizações são temas correlatos, nevrálgicos e umbilicais.

A esperança porventura, faz alguma diferença em ambientes de pura estratégia militar? Lembro-me de um recomendável filme de ficção cientítica bem interessante, eivado de esperanças tecnológicas, chamado Tomorrowland. Quem já o assistiu, lembra-se que, logo no início, uma menininha está a olhar os planetas através do telescópio e diz a seu pai: “Eu quero ir lá um dia”. E o pai dela responde: “Mas, minha filha, é muito longe... são milhões de anos luz de distância...”. E ela, alegre e sorridente, retruca: “Mas eu quero ir lá um dia”. A mãe da menina intevém veloz e pessimista e diz: “Mas, filha, e se você chegar lá e não tiver nada?...” A menina fica um pouco triste, pensativa e mais séria, olha de novo ao telescópio, recomeça a sorrir e responde, com otimismo realista: “E se eu chegar lá e tiver tudo?” “E se eu chegar lá e tiver tudo?” É exatamente este o pensamento que precisamos aprender a semear e a cultivar na AMAN, bem como em nossa vida particular. Quando alguém nos diz que não conseguiremos, que não somos capazes, que somos inferiores, que será muito dificil ou queira nos fazer engolir crenças limitantes, será a esperança positiva que então deveremos reafirmar e gritar para o mundo ouvir!

Caminhamos pressurosos para a AMAN do futuro, a AMAN de 2040 e muito além, a serviço do Exército do provir, que já não parece estar a anos-luz de distância. “E se chegarmos lá e tivermos alcançado tudo o que planejamos hoje, com gestão de pessoas, recursos e riscos? E se fizermos assim e conseguirmos o grande sucesso?” “E se eu chegar lá e tiver tudo?”

Aquele diálogo cinematográfico entre a menina e seus pais sintetiza para nós aqui reunidos a arcaica litania de vozes internas ou externas que costumamos ouvir: primeiramente o “Eu quero/Eu gostaria”... Depois vem o “mas é difícil”... “E se não der em nada?”... Nessa hora, então, nós deveremos responder, transbordantes de esperança varonil: “E se eu encontrar lá tudo o que estou buscando?”; “E se assim tudo ficar muito melhor?”; “E se for este o caminho de nosso sucesso corporativo e institucional”. Esperança, otimismo, pensamentos plenos de pujança futurística, delineado com clareza o responsável manejo do presente: eis aqui a receita da feliz configuração do futuro.

Enquanto o tempo presente, para muitas pessoas até instruídas, não passa de uma busca desenfreada e egocêntrica para conquistar poder, fama, controle e influência, para nós, homens que respiram estratégia refinada, modos de guerra e anseios de paz, o presente é tempo fecundo para plantar o fututo. Ainda não hora de acumulhar colheitas ou angariar aplausos. É hora de buscar soluções! Somente os orgulhosos aspiram os aplausos do agora. Os soldados verdadeiramente humildes sonham com aquele “V que siboliza a vitória que virá”[3].

 “E se eu chegar lá, no futuro, e tiver tudo?” Esta será sempre uma ótima pergunta existencial; afinal de contas, nós “somos a esperança de um Brasil inteligente”[4].

Que o Altíssimo Deus abençoe nossa Academia, nossas famílias e nosso Brasil, realizando as nossas elevadas aspirações profissionais. Estejamos preparados para receber as surpreendentes vitórias!

 

DEUS SEJA LOUVADO

 

Padre Uyrajá LUCAS Mota Diniz – Maj SAREx

Capelão da AMAN

 

 

1 https://marista.org.br/blog/como-ser-um-lider-farol-de-esperanca.

2 A recente palestra do Comandante da Academia apresentada ao Gen Tomás em visita à AMAN no exercício do comando da Força Terrestre, e a outros Generais de Exército presentes, na manhã de 26MAIO23, revelou-se ao palestrante, penso eu, um importante “EDL funcional”, realizado com vibração de infante e garbo de gestor consciente. Consegui filtrar e perceber, naquela importante atividade, o halo de lucidez de gestão, o rasgo de bravura para enfrentar os desafios reais e a certeza de rota a ser percorrida, certeza que a todos contagiou positivamente. Para nós ouvintes, rebrilhou a fé na missão institucional, a esperança da vitória coletiva, a convicção inquebrantável de que as coisas aqui tem dado certo e darão mais certo ainda. Os abundantes projetos em nossa Guarnição tomam corpo, sob o influxo de planos de gestão complexos e realistas, e uma consciência histórico-social de fino primor. O atual Comando da AMAN deu-nos provas maduras de que vivemos um presente rico de esperanças. A Academia palpita de demandas e as missões pululam vicejantes. Na qualidade de líderes e farois de esperança, pensemos longe, pensemos alto, apostemos tudo, confiemos mais e saboreemos a vida em suas larguras e profundidades. Permita-nos parabeniza-lo com sincera fidalguia, comandante!

3 Verso da Canção do Expedicionário.

4 Verso da Canção da Academia Militar das Agulhas Negras.

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