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Palavras do Capelão Pastor Profírio- Páscoa Militar

  • Publicado: Terça, 06 de Junho de 2023, 10h43
  • Última atualização em Terça, 06 de Junho de 2023, 10h43

Esta é uma semana especial para a nossa Academia. Celebramos o evento que marca o ponto alto da vida litúrgica dos militares, a Páscoa Militar, chamada aqui de Páscoa Acadêmica. Este evento tão tradicional nas Forças Armadas do Brasil é revestido de grande reverência e solenidade digna daquilo que ele representa, a morte e ressurreição de Cristo. Contudo, a isto se soma, no nosso ambiente castrense, também o curioso detalhe que levanta sempre o seguinte questionamento: Por que os militares celebram a páscoa fora da Semana Santa?

Para respondermos a esta pergunta, precisamos fazer uma viagem à história. O ano era 1924 e o mês, maio, quando na Praça da República, na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, reuniram-se cerca de cinco mil pessoas, civis e militares, em sua imensa maioria, para a celebração de uma missa campal em homenagem ao jubileu sacerdotal do Cardeal Arcoverde. Esta missa fora presidida por Dom Sebastião Leme, arcebispo-coadjutor do Rio de Janeiro e contou com a ilustre presença do Dr. Arthur Bernardes, Presidente da República. Assim se referiu a este evento de vulto, o periódico da época “O Jornal”: “Antes de começar a missa, d. Sebastião Leme produziu um sermão patriótico que calou fundo na alma das aproximadamente 5000 pessoas, que enchiam o velho Campo de Santanna. Terminada a oração do arcebispo-coadjutor, foi iniciada a missa, seguida da comunhão dos militares de terra e mar, sem distinção de postos”. Naquele evento, já chamado pela imprensa da época de “a paschoa dos militares” (Jornal “Correio do Povo”), encontra-se o nascedouro da celebração que une os militares diante da mesa do Senhor.

Sabe-se que a partir desta data em outros quarteis ocorreram atividades semelhantes àquela missa campal, mas foi somente após a Segunda Guerra Mundial que a Páscoa Militar ganhou o formato que vemos hoje em todas as guarnições espalhadas pelo Brasil. Quando os nossos militares retornaram ao Brasil, o período da Páscoa já havia passado, assim, Marinha, Exército e Força Aérea receberam autorização para celebrarem a Páscoa na Praça XV. Naquela ocasião os militares puderam celebrar a vitória ao mesmo tempo em que agradeciam a Deus junto aos seus familiares e lembravam dos seus camaradas que tombaram no front. Ligada à memória da guerra, então, surgiu a tradição de celebrar a Páscoa dos Militares em data posterior à “Páscoa dos Civis”. Conforme a Portaria 14-DGP, de 05/03/02 (Art 13, inciso I), a “Páscoa fora de época” deve ser celebrada no período litúrgico pascal, ou mais tardar até 12 de outubro.

Pois bem, quando falamos em Páscoa Acadêmica (Páscoa Militar), evocamos parte das nossas tradições, que tanto nos são caras e necessárias à manutenção dos nossos valores. Não é coincidência que este também tenha sido um dos propósitos do estabelecimento da páscoa conforme o relato bíblico. A Torah registra a instituição da páscoa nos seguintes termos: “Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito é este? Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao SENHOR” (Êxodo 12,26,27). Não há dúvidas que a páscoa judaica é o arcabouço teológico da páscoa cristã. Foi durante a páscoa judaica que Cristo instituiu a Santa Ceia (Eucaristia). Foi ali que ele, o Cordeiro de Deus, foi oferecido em sacrifício pela humanidade da mesma forma que os judeus sacrificavam um cordeiro para celebrar a sua libertação do cativeiro egípcio. Portanto:

  1. PÁSCOA É UMA FESTA DE CAMARADAGEM – A Páscoa judaica era celebrada em família. Cristo celebrou a Páscoa com os seus irmãos por escolha. Hoje celebramos a páscoa como uma única família, a Família Militar.
  2. A PÁSCOA É UMA FESTA DE VALORIZAÇÃO DA VIDA – A Páscoa é tempo de celebrar uma nova vida. Em um mundo no qual as pessoas se isolam, o Senhor convida ao convívio. Em um mundo em que a morte é tão comum, o Senhor convida à vida e à esperança.

            Celebremos a Páscoa Acadêmica gratos pelo privilégio de sermos Família Militar, uma família que, apesar das lutas cotidianas, tem contado sempre com as bênçãos do Senhor dos Exércitos. Celebremos a Páscoa Acadêmica valorizando a vida, entendendo que as lutas e dificuldades não podem nos fazer sucumbir.

            Uma excelente celebração da Páscoa Acadêmica para todos!

 

 

“No bom combate da fé!”

Pr. Émerson Couto Profírio – Cap

Capelão Militar da AMAN

 

             

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