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Liderança nível 5- Mensagem da Capelania Militar (P. Lucas)

  • Publicado: Terça, 08 de Agosto de 2023, 10h54
  • Última atualização em Terça, 08 de Agosto de 2023, 10h54

Ó Rei Nabucodonosor, disse o jovem profeta Daniel: “contemplavas (em teu sonho noturno), e eis que uma enorme estátua se erguia diante de ti;

[...] Sua cabeça era de ouro fino; seu peito e braços, de prata; seu ventre e quadris, de bronze; suas pernas, de ferro; e seus pés, metade de ferro e metade de barro.

Livro do Profeta Daniel 2, 31ss.

Esta solene interpretação profética de Daniel gravou para sempre nas Sagradas Páginas o nome do General Nabucodonosor, o maior rei do Império Neobabilônico, governando desde a morte de seu pai Nabeopolassar, em 605 a.C. até sua própria morte em 562 a.C.

A profecia sonhada pelo rei pagão nos servirá hoje para ilustrar um interessante tema da liderança. Um dos autores mais influentes do mundo corporativo, Jim Collins, professor de Administração da Universidade de Stanford e exímio intelectual nas práticas de liderança e gestão, em recentes pesquisas, partiu da seguinte questão: Por que algumas empresas dão certo e outras não? Com rigor científico e seriedade acadêmica, Collins analisou grandes e numerosas empresas nas mesmas condições, nichos de atuação e tamanhos similares, em vários lugares.

Em seu livro publicado no Brasil com o título “Empresas feitas para vencer” , considerado como a obra de cultura organizacional de maior envergadura científica da atualidade, Collins classificou o resultado da pesquisa em cinco diferentes tipos complementares de liderança. Sua genialidade, longe de ser mais uma moda acadêmica, revela a compreensão agudíssima, doravante irrenunciável, de como se tornar um líder eficaz e de como formar novas gerações de guias sábios e prudentes.

Segundo Collins, cada nível da liderança tem um “tema-chave" para se avançar, de camada a camada. Ei-los: o líder nível 1, precisa ter comprovadas suas capacidades intelectuais, necessidade para nós simbolizada na cabeça de ouro da estátua de Nabucodonosor. Um líder desprovido de capacidades intelectuais autônomas ou abaixo do minimamente suficiente, não promete rendimento nem para si nem para outrem, (e até sua família corre risco sob seus cuidados). Saber aprender e ter a agilidade em aplicar novos conhecimentos à vida real de suas equipes é sua urgência.

Decidir antecipando-se aos fenômenos fará dele um gestor diferenciado e cobiçado pelo mercado em qualquer ponto de sua carreira. A excelência intelectual para um líder contemporâneo não é mais luxo, é item de série.

O líder nível 2 também desenvolveu a capacidade de gerir equipes de pessoas criativas e, sobretudo, livres para solucionar problemas. O braço forte, a presença de estilo e o espírito de confiança configuram esta segunda camada indispensável da autêntica chefia, vislumbrada no tronco e braços de prata polida do monumento babilônico.

O líder nível 3, ainda segundo Collins, já domina o ambiente administrativo, enfrentando com valentia a espinhosa floresta da gestão de recursos e patrimônios. De que lhe adiantaria dar ordens sem conhecer as imposições com as quais a administração pública limita o poder de quem comanda e de quem obedece? O ventre e quadris de bronze da estátua recordam ao líder de nossos dias que nem sempre é possível ter o jogo de cintura e a desenvoltura do comando, tampouco a rapidez necessária aos movimentos decisionais. Muitos bons líderes sentem ter os quadris de bronze na hora de mover-se honestamente na administração pública.

Já a liderança nível 4, detém ainda a capacidade de liderar por convencimento, no contágio da empolgação, pela comunicabilidade de um propósito e segundo a motivação fundamental de sua visão de futuro. Ficamos quase sempre estacionados nesse nível, por assim dizer, “mais carismático” de liderança. Um líder que inspira e entusiasma, capaz de comunicar, com sinceridade, um ideal significativo e marcante é o produto menos disponível no mundo corporativo e o sonho de todo subordinado. Vem simbolizado pelas pernas e tornozelos de ferro da estátua de Nabucodonosor. Portanto, trata-se de um líder capaz de marchar com seus subordinados, na trajetória de suas entregas, munido da habilidade de conexão empática e de promover a sinergia dos talentos, a serviço do grande ideal emocional de sua equipe. É chefe que caminha na proximidade de seus subordinados, com sincero interesse pela governança dos corações.

Alguns líderes até se dão por satisfeitos e bem pagos tão logo atinjam esse 4º nível de chefia. Todavia, enfim, o maior destaque da pesquisa de Collins recai no inusitado nível 5. Neste nível, além de possuir as capacidades anteriores, o líder diamantino, terá a HUMILDADE como ponto central e eixo fundante de seu comando, sustentáculo último de sua trajetória humana e profissional. O aroma da vitória coletiva encontra-se ali... no discreto frasco da simplicidade humilde do líder completo.

O líder nível 5 deixa de lado as ambições de projeção pessoal e sacrifica-se pelo grupo ao qual tem apreço e afeto em conduzir, ciente de que, em si mesmo, há em abundância aquela mistura de ferro e barro dos pés da estátua, há sonhos e riscos, capacidades nobres e defeitos também notáveis por parte dos subordinados.

Contudo, longe de viver a camuflar sua condição de humano limitado (um pleonasmo), o líder nível 5 é conscientemente humilde, vivendo na atmosfera de um realismo, existencialmente pendente de seus subordinados, coeso com sua equipe e partilhando com ela um destino comum. Eis, segundo Collins, o segredo das organizações bem-sucedidas, portanto, mais bem lideradas. Sim, valerá a pena retomar, em breve, este tema.

Por ora, peçamos ao Senhor dos Exércitos que sejamos habilidosos em forjar líderes desse quilate na AMAN para o Exército e para o Brasil, como também sugere o slogan da Campanha do Dia do Soldado (25.08) que se aproxima: VALOR, SACRIFÍCIO E DEDICAÇÃO À NAÇÃO, isso se consegue tão somente com HUMILDADE e FORÇA DE VONTADE.

Que o Bom Deus abençoe nossas famílias, nossos valentes líderes e nossa missão nacional.

DEUS SEJA SEMPRE LOUVADO

Padre Uyrajá LUCAS Mota Diniz

Maj SAREx Capelão da AMAN

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