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Mensagem do Padre LUCAS - Capelão Militar da AMAN

  • Publicado: Terça, 12 de Setembro de 2023, 11h24
  • Última atualização em Terça, 12 de Setembro de 2023, 11h24

SETEMBRO - VIDA PARA A FAMILIA MILITAR

Mensagem do Capelão Militar da AMAN, Padre Lucas

em 04 se setembro de 2023

 

Deus distinguiu os tempos e os dias de festa, nos quais os homens celebram pontualmente as solenidades. Eclesiástico 33,9

 

Com esse belíssimo verso, o escritor sagrado indica o quanto Senhor dos Exércitos deseja se fazer presente em nossos dias, interessando-se pelas festas e solenidades de nosso ciclo anual. Ele é o Senhor do tempo, o princípio e o fim de tudo.

Setembro é um período de efemérides importantes para nós. Primeiramente, por conta das comemorações cívicas da Independência da Pátria. No feriado nacional, obtém-se dados a respeito da temperatura cultural e política da nação, sendo o dia 7, a ocasião na qual se delineia no horizonte os contornos do presente e do futuro de nossa gente com as cores que tingem a história nacional. De uma coisa já temos certeza: o Brasil carece de lideranças lúcidas e coerentes para ocuparem os mais distintos lugares nos palanques urbanos, diante dos quais tropas, colégios e demais instituições desfilarão em ordem. A Roma antiga também realizava desfiles cívicos e militares de memorável grandeza e solenidade a comemorar vitórias e conquistas bélicas, mas como o fazia diante de aristocracias e imperadores de duvidosa ética governamental na administração do poder, o império degenerou-se em ruínas, e para sempre, de modo que cada desfile realizado tão somente acelerava a marcha inexorável da decadência social daquele vastissimo império! HISTORIA MAGISTRA VITAE[1].

Setembro destaca-se ainda pela edição da campanha de prevenção ao suicídio, que neste ano, por iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, propõe como lema “Se precisar, peça ajuda”. E que pese ser o dia 10 o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, a iniciativa brasileira costuma ocupar todo este mês, com atividades nos próximos onze, transformando nosso Setembro Amarelo na maior campanha anti-estigma do mundo![2].

“Concordamos que o suicídio é uma triste realidade e gera grandes prejuízos às nações e às famílias. De acordo com a pesquisa de 2019 realizada pela Organização Mundial da Saúde - OMS - foram registrados mais de 700 mil casos no mundo, sem contar com a subnotificação, que elevaria a cifra 1 milhão ou mais de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil por ano, na média de 38 suicídios por dia. Embora os números diminuam em muitas partes do mundo, as Américas vão na contramão da tendência, com índices crescentes. 100% dos casos de suicídio seguem relacionados às doenças mentais, ou mal diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, diz a OMS, a maioria dos casos poderia ter sido evitada SE esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade”. Esse famoso “SE”, todavia, a aparecer usualmente em documentos oficiais, soa-nos como um termo sobremaneira ambíguo. Não nos consta já ter sido comprovado que pessoas favorecidas com o acesso a bons tratamentos psiquiátricos e amplamente munidas de informações de qualidade estariam imunes ao fatídico evento. Em países desenvolvidos em tratamentos e mídia, por exemplo, o misterioso fenômeno do suicídio nunca foi debelado a níveis toleráveis.

Uma verdade mostra-se autêntica: um líder, um pai de família, um capelão, um professor, um parente ou um amigo podem e devem se considerar fracassados e feridos quando puderam ter feito alguma coisa para prevenir e evitar tragédias dessa magnitude e apenas se limitaram a receber com surpresa as notícias de um autoextermínio consumado. O que eu deveria ter feito e não fiz para evitar a ocorrência? Não há glória alguma em acompanhar passivamente o fato! O remorso será, então, a cárie de suas memórias, carcomendo para sempre seus sentimentos de empatia, quando existem. Eis o pesado “globo de Atlas”, a consumir as forças de parentes próximos ou corresponsáveis diretos.

Entretanto, existe algo que pode contribui positivamente para uma vivência mais entusiasta desta campanha entre nós. Trata-se da festa da Família Militar, que agenda nossas almas para vivermos o próximo dia 18.

Publicada em 10 de agosto de 2023, na Ordem Fragmentária nº 001 à Diretriz do Comandante do Exército 2023-2026, em apoio à gestão institucional, o Comandante do Exército aprimorou e publicou alguns indicativos doutrinais e práticos para a Força Terrestre. Como é de amplo conhecimento, trata-se de duas simples páginas, nas quais o comandante cita, por quatro vezes, diretamente, a expressão “Família Militar” e, outra vez mais, a menciona indiretamente. Duas páginas, cinco menções: algo impressionante!

No tópico inicial da INTENÇÃO DO COMANDANTE, ele escreveu: “Minha intenção é orientar, com oportunidade, por intermédio de articulação sinérgica, as ações a serem desenvolvidas pelo Exército, em diferentes níveis, para continuar o processo de fortalecimento da coesão interna, valorizando a Família Militar, a dimensão humana e o culto aos valores e às tradições, etc.”, ou seja, para conferir vitalidade à coesão da Força, a primeira estratégia de cultura organizacional vislumbrada é a valorização da Família Militar, como prioridade máxima. A lógica simples do parágrafo é implacável: que valor ou tradição do Exército antecederia o cuidado das famílias que o integram e o compõem? Perfeito!

A Família Militar é a primeira a acolher, entender, manter e divulgar nossos caros princípios e lídimos costumes castrenses, ao preço de tanta dedicação, renúncias, privações e sacrifícios silenciosos e homéricos. Militares da ativa e pensionistas, distintos veteranos, alunos nos colégios militares (e por extensão, suas famílias), os enfermos nos hospitais de guarnição, os amigos de nossas Organizações e até a mais jovem namorada do mais moderno dos soldados, formamos a grande Família Militar. Mais do que um construto sociológico conceitual, ela é integrada por brasileiros vivos e operantes. Ela é um extrato da comunidade e, ao mesmo tempo, um espelho cristalino para a própria sociedade.

Temos, em abundancia, a oferecer ao Brasil nossos altos padrões de resiliência, de superação e garra. Que olhem para a família militar e percebam o rosto de um variado e belo Brasil, repleto de vitalidade heroica, vibração, persistências e abundantes bençãos. Então, rogamos ao Bom Deus que cumule de graças nosso mês de atividades e, sobretudo, abençoe, na soberania da paz e da prosperidade integral, a nossa imensa e amada Família Militar.

Abençoada semana para você também!

 

DEUS SEJA SEMPRE LOUVADO.

Padre Uyrajá LUCAS Mota Diniz – Maj SAREx

Capelão Militar da Academia Militar das Agulhas Negras

 

1 O “Triunfo Romano”, desfile dos generais vencedores e seus exércitos: Na Roma Antiga o triunfo era a máxima homenagem concedida a um general vitorioso e suas tropas, que desfilavam com todos os objetos valiosos capturados ao inimigo derrotado. Não raro prisioneiros de guerra eram também arrastados diante dos vencedores, com a intenção de mostrar a força dos conquistadores, prevenindo rebeliões entre os povos dominados [...] Uma vez que se compreenda que, na mentalidade antiga, as guerras, travadas aparentemente entre os homens, eram interpretadas como um combate entre deuses, não será difícil deduzir o significado dos desfiles nos quais as estátuas de divindades derrotadas eram parte essencial. Cf. https://martaiansen.blogspot.com/2019/09/desfiles-triunfais-nao-foram-exclusividade-dos-romanos.html.
2 https://www.setembroamarelo.com. Acesso em 28 de agosto de 2023;

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