Mensagem da Capelania Militar (Pastor Profírio)

São muitos os compromissos que preenchem as nossas agendas, responsabilidades que cobram um razoável nível de conhecimento específico acerca das atribuições próprias de cada função desempenhada por todos nós nas nossas atividades profissionais. A especialização, não só na no meio acadêmico-científico, mas em diversas áreas do viver cotidiano, é uma tendência já há muito tempo consolidada. É preciso saber muito sobre temas cada vez mais específicos. É atribuída ao dramaturgo Millôr Fernandes, a seguinte frase sobre a especialização do saber: “Capacidade de saber cada vez mais sobre cada vez menos, até saber tudo sobre nada”. Este pensamento parece cômico, até mesmo irônico, mas cabe uma breve reflexão. O saber fragmentado não pode ser um saber isolado do todo. O específico não anula o universal, pelo contrário, é dentro de uma visão universal, em uma visão situacional do todo, que o específico encontra sentido de ser.

 “Saber cada vez mais sobre cada vez menos até saber tudo sobre nada” é uma visão tacanha acerca do valor do saber. Este tipo de entendimento é típico de quem tem uma visão de mundo autocentrada, que não se vê parte do todo, que não entende o que vem a ser uma equipe e que não consegue transformar saber em resultado concreto e mensurável. Um indivíduo que assim pensa e age tende a desperdiçar todo seu potencial, é uma poça de água estagnada, que logo vira lodo. Esta jamais deve ser a postura de um homem ou de uma mulher sábios. Ainda mais se este homem ou mulher forem um militar. Um dos valores por nós cultuados é o interesse pelo aprimoramento técnico-profissional, a este valor o Manual de Liderança Militar do Exército (C 20-10) se refere nos seguintes termos: “Sendo a guerra uma arte em constante evolução, o aprimoramento técnico-profissional é condição indispensável para que qualquer militar seja proficiente na carreira das armas. É conveniente lembrar que a proficiência é um dos pilares da liderança militar. Além dos ensinamentos colhidos nos bancos escolares e nas suas experiências de vida, todos os militares devem buscar o autoaperfeiçoamento, que traduz a disposição ativa para mobilizar seus recursos internos, visando a aprimorar e a atualizar os seus conhecimentos”.

Pensando neste tema, cabe refletir nas palavras de São Paulo registradas na primeira epístola aos Coríntios: “Se alguém pensa que sabe alguma coisa, de fato ainda não sabe tanto quanto devia saber” (1Coríntios 8.2). A fim de que possamos transformar estas palavras em ações concretas, destaco duas lições:

1. Nunca saiba o suficiente para deixar de saber sempre um pouco mais. Conhecimento é joia de raro valor, por isso, a busca pelo saber deve ser uma constante, mas sempre tendo uma visão do todo, nunca um saber estanque autossuficiente. Bons profissionais conhecem muito sobre as suas atribuições, mas não deixam de ter também uma visão geral sobre temas diversos e transversais que dialogam direta ou indiretamente com as suas especialidades.

 2. Nunca desperdice o saber aplicando-o sem objetivo. Conhecimento sem prudência é um grande desperdício. Em todas as áreas das nossas vidas, o conhecimento deve ter um fim proveitoso, edificar a nós mesmos e a outros. Quando lemos que o autoaprimoramento é a mobilização de recursos internos que visa a aprimorar e atualizar conhecimentos, devemos entender esta definição envolta no espírito de corpo. O nosso conhecimento deve ter como objetivo final o fortalecimento da nossa instituição.

Assim, nobres companheiros de missão, esforcemo-nos no saber e no para que saber. Sempre dispostos a ampliar o nosso conhecimento para o ganho pessoal e o crescimento da nossa Academia.

“No bom combate da fé!”

Pr. Émerson Couto Profírio – Cap

Capelão Militar da AMAN