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Mensagem da Capelania Militar (Pastor Profírio)

  • Publicado: Quarta, 17 de Agosto de 2022, 12h21
  • Última atualização em Quarta, 17 de Agosto de 2022, 12h21

PATERNIDADE: HERANÇA AFETIVA E ARCABOUÇO DA AUTORIDADE

No dia 14 de agosto, comemoramos o dia dos pais. Para alguns, esta data trouxe uma mescla de sentimentos. A saudade e a alegria se misturaram e ganharam volume no peito daquele pai que foi surpreendido, logo cedo, pelo abraço carregado de afeto dos seus filhos, ao mesmo tempo em que a lembrança do seu pai, que já não está presente, assaltou a sua mente. Presença e ausência num mesmo instante e em um mesmo coração lembram-nos que a vida é um ciclo em contínua renovação, num momento estamos no início deste ciclo, tempos depois estamos no meio e mais adiante, aproximamo-nos do fim. Contudo, as nossas passagens por cada etapa desta vida vão marcando a nossa presença de tal forma que, mesmo quando o ciclo se encerra para nós, continuamos vivos na herança que deixamos aos que ficam. É possível vermos em nós, hoje, muito dos nossos antepassados. Corre em nossas veias o sangue dos nossos pais, avôs e bisavôs. Mas correm também nas veias das nossas almas valores e virtudes, que dizem muito daquilo que eles foram e muito daquilo que somos nós.

Ser pai é uma divina missão, do seu bom cumprimento dependem não apenas os indivíduos que constituem um núcleo familiar, mas toda uma sociedade. Cada componente familiar possui o seu alto e digno valor e as suas funções na composição e manutenção do lar, mas, não é exagero dizer que sobre os ombros da figura paterna repousa a responsabilidade pela forja da ordem e manutenção social. É sabido pela experiência e atestado pelas ciências do comportamento que o pai é a primeira figura de autoridade com a qual a criança entra em contato, e o responsável por compor o arcabouço no qual se estruturará a sua relação com este tema durante toda a vida. A relação entre mãe e filho, que se inicia na gestação, é fortalecida durante a amamentação. Assim, a criança se percebe uma com a mãe, que se revela como sinônimo conforto. O pai, então, surge como a ruptura desta conexão. Ele é, aos olhos do bebê, a própria encarnação do limite e da lei. Desta forma, autoridade é para todos nós, primeiro, uma experiência e depois um conceito.

Pensar sobre o exercício da paternidade não deve ser para nós, militares, coisa de somenos importância, tema desconexo com a carreira das armas. Pelo contrário, refletir sobre este tema é também aprimorar as nossas condições de combate. Fazer um autoexame das nossas condutas como pais favorece a que tenhamos uma retaguarda familiar em bom estado de saúde emocional. Utilizando as palavras da Nota Técnica Nº 005 (Intensificações de Ações Relacionadas à Prevenção ao Suicídio), da Diretoria Geral do Pessoal (DGP), esta reflexão tem por benefício “ampliar a promoção da qualidade de vida, dos laços afetivos e da proteção à vida humana”. Como bons militares, entendemos que a família e, aqui em especial, a criação de filhos, é um aspecto essencial para as nossas carreiras, consequentemente, para todo o Exército. Assim, pensando na dimensão humana da Força, compartilho uma instrução dada pelo apóstolo São Paulo na sua epístola aos Efésios, que diz: “Pais, não irritem seus filhos; antes, criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor” (Ef 6.4).

A ordem paulina aqui não é a pais na forma neutra, ou seja, pais e mães, mas à figura paterna, aos homens. Se, como dito anteriormente, por uma ordem natural, o pai representa a ruptura de uma conexão mãe-filho, cabe a ele a prudência na apresentação da autoridade, das leis e dos limites. O pai é quem vai, aos poucos, retirando o filho do ninho e apresentando-o o céu de infinitas possibilidades de voos, mas, também de riscos e perigos. O pai é, portanto, aquele que abre a porta do mundo real aos filhos. Equilibrar conforto e limites forja filhos emocionalmente seguros para ousarem avançar nas etapas da vida buscando sempre os acertos, mas, com hombridade suficiente para assumirem os seus erros, quando eles vierem a ocorrer. O sentido do verbo criar, neste texto, denota a ideia de “nutrir”, “fornecer o alimento necessário para que o filho cresça com saúde”. Nós pais temos o dever de proporcionar aos nossos filhos as condições necessárias para o seu desenvolvimento físico, emocional, intelectual e espiritual.

Esta nutrição se dará na medida em que formos modelos de autoridade inspirados no próprio Cristo, que soube agir com graça e firmeza. Um modelo de autoridade ao qual todo aquele que se submetia sentia-se seguro. Uma autoridade que servia de forma sacrificial. Uma autoridade que, ao mesmo tempo em que dava liberdade de ação, não se eximia de impor limites e chamar à correção. Uma autoridade que sabia frustrar intentos e desejos sem ser autoritário. Nobres irmãos de farda, rogo ao Senhor dos Exércitos que conceda, a todos os pais da nossa Academia a sabedoria de agirem sempre como bons pais, formadores de homens e mulheres de bem, que deixemos aos nossos filhos uma rica herança afetiva e sejamos para eles um arcabouço de verdadeira autoridade. 

“No bom combate da fé!”

Pr. Émerson Couto Profírio – Cap

Capelão Militar da AMAN

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