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Capelania Nossa Senhora das Graças da Academia Militar das Agulhas Negras

  • Publicado: Quarta, 26 de Abril de 2023, 13h15
  • Última atualização em Quarta, 26 de Abril de 2023, 13h16

Mensagem do Capelão Militar Padre LUCAS em 25 de abril de 2023

“A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de março. Sábado, 14 do dito mês, entre as oito e nove horas, nos achamos entre as Ilhas Canárias [...] E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, estando da dita Ilha obra de seiscentas e sessenta ou seiscentas e setenta léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra [...] E quarta-feira seguinte, (22 de abril) pela manhã, topamos aves. Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome – o Monte Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz [...].

Ao domingo de Pascoela, (aos 26 dias de abril) pela manhã, determinou o Capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. Mandou a todos os capitães que se aprestassem nos batéis e fossem com ele. E assim foi feito. Mandou naquele ilhéu armar um sodalício, e dentro dele um altar mui bem corregido. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual foi dita pelo (Reverendíssimo) Padre Frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes, que todos eram ali. A qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção. 

Ali era com o Capitão a bandeira de Cristo, com que saiu de Belém, a qual esteve sempre levantada, da parte do Evangelho. Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos lançados por essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação da história do Evangelho, ao fim da qual tratou da nossa vinda e do achamento desta terra, conformando-se com o sinal da Cruz, sob cuja obediência viemos, o que foi muito a propósito e fez muita devoção”.

Eis, caros amigos, um trecho da famosa Carta de Pelo Vaz de Caminha endereçada ao Sr. El-Rey, Dom Manoel, cujo título é “Sobre o achamento do Brasil”. Celebraremos, depois de amanhã, os 523 anos da Primeira Missa em terras brasileiras, diante de Deus e seus Anjos, perante portugueses e nativos.

Comandados pelo capitão da expedição, o capelão Frei Henrique tornou possível que todos fossem, ali e assim, banhados pelo Sangue do Cordeiro que tira o pecado do mundo. Aquele Sangue bendito, recolhido naquele precioso e singular cálice de ouro, faz jorrar sazonas bençãos eucarísticas sobre a nação brasileira, desde naquela manhã de 26 de abril de 1500, a partir de quando, portanto, completamos os 523 anos eucarísticos do Brasil.

Um século e meio depois deste marco, mais precisamente 148 anos, no idêntico mês e quase no mesmo dia do descobrimento do Brasil continental, nascerá o glorioso Exército Brasileiro, na então Capitania Hereditária de Pernambuco, também conhecida à época como Nova Lusitânia.

Essa rica cultura castrense multissecular, tão bem explanada nas brilhantes palestras, ministradas no TGL na semana passada, atualiza dentro em nós, hodiernamente, aquele imperativo de amor ao passado e coragem face ao presente, a reforçar os nobres elos nacionais, em busca da união inquebrantável de propósitos e de tradição, de estatutos e de normas, de costumes e de práticas, perpetuamente úteis e salutares à consolidação de nosso padrão de vida cultural, à sombra do manto sagrado de nossa história pátria.

Nas situações da formação oferecida na AMAN aos jovens cadetes, seja aquela entregue diretamente em nossa Divisão de Ensino, nos Parques e em Campos de Instrução, seja naquela modalidade disponibilizada à família acadêmica sob a forma de currículo oculto, cultivamos um santo orgulho de nosso modus vivendi (estilo e forma de vida). Percebemos ainda a preocupações em ofertar respostas aos novos tempos e aos perenes anseios, pois sabemos que um futuro nos aguarda e nos impele a agir. Sim, felizmente temos um futuro pela frente, construído com a matéria-prima do presente cheio de fidalguia e operacionalidade.

Nos centros urbanos de nosso imenso Brasil, aparecem e reaparecem diariamente os contravalores de perversão da ordem social e novos fatores de influência nem sempre bons, nem sempre corretos, nem sempre positivos. E se, por um lado, algumas novidades são úteis, outras são descaradamente sementes maléficas lançadas no terreno cultural e espiritual da mentalidade de nossa gente. Mas, lendo e relendo esta carta, reacendem-se as esperanças, pois nascemos à sombra do Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

Lendo a Carta de Pero Vaz, também nos perguntamos: e o nosso futuro, como será? E nossa AMAN, como avançará? Será possível melhorar o nobre produto chamado “Aspirante-a-Oficial? Será possível aprimorar sobremodo os relacionamentos diários, nossa saúde, nosso clima e cultura organizacionais, os serviços coletivos e as atividades técnicas, incluindo a importante gestão institucional e os demais planos de controle de recursos humanos e patrimoniais?

Para oferecer respostas inteligentes e satisfatórias a essas e outras tantas perguntas contemporâneas, aqui nos reunimos para uma importante semana de atuação profissional e visitas ilustres, mas jamais descuidaremos do reforço dos assuntos pétreos de nossa profissão, jamais deixaremos de cultivar momentos seletos para a oração da tropa.

Sim, senhores meus e líderes militares, conscientes de nossa grata missão, frente ao Brasil e à Forca Terrestre, sentimos pousar sobre os ombros uma valiosa carga de responsabilidade quase sempre palpável. Pedimos, portanto, a Deus, na abertura desta briosa reunião, neste espaço de humanismo e de humanização, as bençãos necessárias ao discernimento, à inteligência, à ciência e à sabedoria, para que se tomem aqui, uma vez mais, as decisões mais ponderadas e pertinentes pelo bem de nossa AMAN, que redunde em benefício de Força Terrestre, a fim de que alcancemos os mais nobres objetivos: a fé, a ordem, o progresso, a vitória e a paz.

Que Deus abençoe, desde os seus altares, o nosso Brasil

Que Deus abençoe hoje e sempre a nossa AMAN

Que Deus abençoe com sua luz esta reunião.

Assim seja. BRASIL ACIMA DE TUDO.

DEUS SEJA LOUVADO

Padre Uyrajá LUCAS Mota Diniz – Maj SAREx

Capelão Militar da AMAN

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