Devotado às vitórias- Mensagem Cap. Militar

“Senhor, Tu que és o guardião das grandes cidades e trovejas nos céus da porção Leste, dá-nos a força e a bravura para mantermos os Poderes Constitucionais, a ordem e o dever. Pois, Senhor, se em nossas mãos confias as tuas armas, em meio às lutas que nos deste, és Tu que fazes surgir o combatente aguerrido do Comando Militar do Leste”.

Este trecho da Oração do Guerreiro do CML, de autoria do TC R1 Capl IVAN XAVIER e do Maj Inf ALEXANDRE C. GUIMARÃES, aponta-nos o caminho das batalhas civilizacionais nas megalópoles, marcadas pelo urbanismo e pela globalização. A experiência natural também nos assegura que o futuro sempre será a nossa meta! Atingir o alvo é a primeira vocação da boa munição! Inspirados no lema da Base Logística Acadêmica, a insistir que “nós existimos para vencer”, compreendemos ainda melhor a profundidade das recentes palestras ministradas em nossa Academia pelos maiores expoentes decisores de nossa Força Terrestre. Os palestrantes delinearam os contornos do horizonte futuro para o qual marchamos pressurosos. Obviamente, o horizonte não é o fim, mas apenas o meio, rota de passagem ao porvir.

A maioria das organizações contemporâneas e seus diversificados profissionais têm sofrido a pressão de uma série de tensões e partilham a fortíssima impressão de que as velozes transformações as pressionam sem piedade. Quanto a nós, ou acertamos o ritmo com o futuro ou as demandas da história simplesmente atropelar-nos-ão.

As mutações da cultura, as oscilações da política, as variantes da economia, as transformações no meio ambiente, o avanço exponencial nas áreas da biomedicina, a emergência de inéditas tecnologias digitais e o instável ambiente legal, regulatório das relações internacionais dos povos, entre outros fatores, permitem-nos perceber que o mundo está em ebulição e metamorfose constantes, evoluindo sobre tudo e sobre todos: famílias, empresas, instituições, doutrinas e profissionais de todas as áreas.

Este contexto exige que estejamos em melhores condições físicas e psíquicas de enfrentarmos as transformações necessárias à nossa sobrevivência e ao florescimento de nossos interesses institucionais. Lembremo-nos que as novidades desta era exponencial pretendem também impactar os atributos mais essenciais das organizações e instituições, sobretudo as mais tradicionais. O respeitável jornalista Alexandre Garcia, perguntou-se, há poucos dias: “No Brasil, onde até o passado é incerto, que certezas poderíamos ter em relação ao nosso futuro?”. Uma realidade, todavia, parece certa entre as sobras das incertezas: jamais podemos temer a manada de transformações que se lançam sobre nós, vindo em nossa direção na velocidade da luz, e caindo diariamente sobre nossas mesas e espaços de trabalho. Não temamos as demandas requentadas do passado, nem das inovações desconhecidas a curto e médio prazos.

Nossa cultura organizacional e os valores perenes de nossa experiência profissional militar animam-nos a enfrentar os problemas do presente e as incertezas advenientes, com o mesmo garbo e igual sagacidade com que vencemos batalhas desde 1648. Se mudar é inevitável, a agilidade deve ser o provável caminho.

Quanto mais cedo nos prepararmos para as boas mudanças, menos impacto negativos elas nos causarão. Agilidade não se confunde com precipitação nos processos de gestão, nem com rapidez superficial. Requerida em todos os afazeres corporativos, a boa agilidade jamais implicará perda da qualidade de nossos serviços e projetos. A mentalidade ágil é, sobretudo, um convite a “firmar o passo” no andamento da vida exponencial contemporânea.

Estamos a ouvir sobre a chegada de um futuro exaustivo de novos patamares de resultados, alertando-nos quanto aos nossos limites humanos. O problema não é o avanço da tecnologia, mas o saber se estamos preparados para seus impactos revolucionários. A disparada corrida tecnológica faz nos entrever sobrecargas humanas e alterações profundas na vida social e familiar, como ocorreu nas revoluções dos últimos séculos. Uma renomada psicóloga relatou recentemente sua percepção quanto aos problemas da administração do tempo e no enfrentamento das exigências profissionais aceleradas, com metas sobre metas e pessoas adoecidas à beira da exaustão completa, no surreal delírio laboral.

Um paciente seu, palestrante bem requisitado para a abordagem de temas sobre gestão do tempo, a organização da vida e o equilíbrio entre felicidade e a realidade, alertando, certa vez, seu auditório quanto à necessidade de entendermos e respeitarmos nossos limites pessoais, após apresentar a sua palestra, cujo tema era “Prevenção à exaustão”, infartou. Felizmente, sobreviveu.

Todavia, é intrigante observar como um treinador de equipes empresariais, um expoente intelectual sobre o tema do equilíbrio pessoal, infartou por exaustão. Obviamente, a plateia ali inscrita por causa do interesse no tema, era talvez composta de massas humanas também exaustas, em busca de alternativas de equilíbrio integral para si mesmas. "Abrir janelas é importante, mas fechá-las também o é", concluiu a psicóloga. Não se trata de pouparmo-nos por medo de viver, mas de não nos tornarmos ingênuas vítimas da cultura do excesso, conhecida como VUCA, BANI ou simplesmente MODERNIDADE SEM DEUS E SEM O HOMEM.

O nosso Bom Deus nos revela: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). Ele é o Deus das novidades, o Deus do futuro no belo porvir, o Deus das mudanças e das marchas pelo deserto sedento de nossa vida terrena. Nosso Deus é nômade conosco no tempo e no espaço. Precisamos, entretanto, estar atentos ao verdadeiro estilo de aprendizado humano: pensar, rezar, construir, testar, medir e avançar para ir além, com perseverança e constância, em nossos papéis, funções e responsabilidades, com coragem, vitalidade e serenidade, como valentes soldados do Brasil, sempre devotados às máximas vitórias.

Que Deus abençoe nossa semana e nosso labor, com bençãos vibrantes e proteção constante. Assim seja.

DEUS SEJA SEMPRE LOUVADO

Padre Uyrajá LUCAS Mota Diniz - Maj SAREx

Capelão Militar da AMAN